BANCO CENTRAL

Galípolo é sabatinado para presidência do BC em comissão do Senado

Expectativa é de que Galípolo seja aprovado sem sustos na CAE e no plenário

Expectativa do governo é que Gabriel Galípolo não tenha dificuldade na aprovação - Lula Marques/ Agência Brasil

Indicado à presidência do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo é sabatinado nesta terça-feira pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Articulado e bem relacionado, a expectativa é de aprovação sem “sustos” na CAE e no plenário da Casa, onde a indicação deve passar ainda nesta tarde.

Galípolo visitou cerca de 50 senadores no tradicional ritual de beija-mão que antecede a sabatina. Nessas reuniões, os principais temas de preocupação de parlamentares e que devem ser repetidos em perguntas na sessão da CAE foram a relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o compromisso de Galípolo com a independência do BC, a trajetória da taxa Selic e o risco ligado às bets.

Apesar de ser o “nome de Lula”, Galípolo tem boas relações com a maioria dos parlamentares, com quem dialoga desde os tempos em que era número 2 de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda. Ele vai enfrentar escrutínio do Senado pela segunda vez. No ano passado, passou com tranquilidade pela sabatina para a diretoria de Política Monetária do BC, cargo que ocupa atualmente.

Se aprovado dessa vez, Galípolo vai substituir o atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, alvo frequente das críticas de Lula. O mandato de Campos Neto termina em 31 de dezembro. Essa é a primeira transição na chefia do BC da lei de autonomia, que prevê mandatos não coincidentes com o presidente da República.

Desde sua primeira indicação, a expectativa era de que Galípolo fosse apontado por Lula para a cadeira de Campos Neto devido à proximidade com Lula e com a equipe econômica, o que foi confirmado no fim de agosto.

A proximidade com o petista deve ser um dos principais assuntos abordados pelos senadores de oposição na sessão da CAE, principalmente em torno do distanciamento que Galípolo terá para tomar decisões técnicas dentro do BC.

Lula, por exemplo, costuma se posicionar a favor de juros mais baixos.

A seu favor, Galípolo terá o voto do último Comitê de Política Monetária (Copom), em que foi unânime a decisão de retomar o ciclo de alta da Selic. A própria trajetória dos juros deve ser tema na sabatina. O primeiro aumento foi de 10,50% para 10,75% ao ano, e a expectativa do mercado no Boletim Focus é de que alcance 12%.

Outro tópico que Galípolo deve ter de responder é sobre as bets. A preocupação com os sites de apostas e de jogos de azar aumentou após o BC divulgar um levantamento preliminar que aponta que os brasileiros transferiram cerca de R$ 20 bilhões por mês a sites de apostas e jogos de azar entre janeiro e agosto de 2024. O gasto dos beneficiários do Bolsa Família foi de R$ 3 bilhões em agosto, estima o BC.

O lucro dos bancos e a inflação foram outros temas recorrentes nas reuniões com senadores nas últimas semanas e também devem aparecer na sabatina nesta terça-feira.

Galípolo acumula experiências no setor público e privado, sendo reconhecido por ser uma das figuras chaves para intermediar a relação entre a campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva com atores do mercado financeiro, nas eleições de 2022.

Ele atuou de 2017 a 2021 como presidente do Banco Fator. É formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia Política pela PUC de São Paulo, instituição na qual também foi professor nos cursos de graduação, de 2006 a 2012. Além disso, lecionou no MBA de PPPs e Concessões da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo).