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Ao menos 7 hospitais estão em zonas sob ordem de deslocamento de Israel em Beirute

Regiões não seguras abrangem quase 9 km² dos subúrbios do sul da capital, mostra análise da CNN; para prefeito, "não há lugar seguro" na cidade

Homem observa destruição causada por bombardeio israelense em Beirute - AFP

Pelo menos sete hospitais libaneses estão localizados em zonas não seguras — onde foram emitidas ordens de Israel para deslocamentos de civis — nos subúrbios do sul de Beirute, segundo uma análise feita pela rede CNN.

Essas faixas, acrescentou a rede, abrangem quase 9 km² de Dahiyeh, região densamente povoada e considerada o bastião do Hezbollah. Mas, para o prefeito de Beirute, Israel não deixou "nenhum lugar seguro" na capital, já que pelo menos dois bombardeios não ficaram restritos aos redutos do grupo.

Desde outubro passado, mais de 2 mil pessoas foram mortas no Líbano, a maior parte nas últimas três semanas, após a detonação dos pagers e walkie-talkies.

O número de mortos em ataques israelenses no país desde outubro subiu para 2.083, informou o Ministério da Saúde libanês na segunda-feira, citado pela organização de notícias digitais Middle East Eye.

Desse total, pelo menos 1.110 morreram desde o último dia 23, quando Israel lançou uma onda de ataques contra redutos do Hezbollah no Líbano. No dia 17 e 18, uma explosão de pagers e walkie-talkies atribuída ao Estado judeu matou 37.

De acordo com a análise da CNN, divulgada na segunda-feira, as zonas não seguras abrangem o Hospital al-Rassou al-Azam e o Hospital St. Therese, duas grandes unidades de saúde nos subúrbios ao sul da capital, embora uma fonte médica libanesa tenha afirmado à agência de notícias turca Anadolu que o al-Rassou al-Azam é um dos maiores da capital.

A fonte, que falou sob condição de anonimato, disse na segunda-feira que ambos os hospitais ficaram temporariamente inoperantes devido aos ataques aéreos noturnos israelenses.

Para a análise, a rede verificou um total de 39 de ordens de deslocamento até este domingo, emitidas quase diariamente desde 27 de setembro pelo porta-voz árabe das Forças Armadas israelense, Avichay Adraee, através de publicações no X.

Essas postagem ordenam que os moradores deixem "imediatamente" os edifícios que serão alvejados e sigam para áreas além de um raio de 500 metros do alvo. Precederam ataques aéreos, às vezes não mais do que alguns minutos.

Ao medir as áreas para ordens de deslocamentos mais os 500 metros além dos alvos, a CNN observou que a região totaliza 8,9 km² dos subúrbios ao sul da cidade Dahiyeh, onde, no último dia 3, Israel lançou um ataque aéreo que matou o líder do grupo político-militar, Hassan Nasrallah.

A rede também destacou que, em outros casos, especialmente em dois ataque que atingiram os limites de Beirute pela primeira vez, em Kola e Bashoura, nenhum aviso foi emitido.

Em entrevista à rede britânica BBC, o prefeito da capital, Abdallah Darwich, disse que os ataques demonstram que não são apenas os redutos do movimento xiita libanês — além de setores de Beirute, o sul do Líbano e o Vale do Beeka — que estão em risco.

— Você não sabe quem está morando neste ou naquele prédio, portanto, não sabe se há um alvo ali — argumentou, acrescentando: — Ninguém sabe qual será o próximo alvo israelense.

O ataque aéreo com drones em Kola ocorreu no último dia 29 e deixou quatro pessoas mortas, todas do grupo islâmico libanês Jamaa Islamiya, facção sunita armada que apoiou o Hezbollah em seus ataques ao norte de Israel, segundo a AFP e Reuters.

No bairro de Bashoura, moradores relataram terem escutado na última quarta-feira um míssil cruzar o céu antes de um estrondo. A ação atingiu um centro médico ligado ao Hezbollah, a Organização de Saúde Islâmica, deixando seis mortos.

Até o momento, os militares não emitiram informações sobre quando os moradores poderão retornar, destacou a CNN.

Uma nova Gaza?
Nesta terça-feira, horas após destacar uma terceira divisão permanente, Israel destacou também a 146ª divisão de reservistas, segundo o jornal The Guardian.

O anúncio do destaque de uma terceira divisão, além da ampliação das zonas militares, põe em xeque as alegações iniciais de que a incursão seria uma operação "localizada" contra o Hezbollah e aponta para a intensificação dos ataques aéreos e combates com o grupo xiita, que arriscam agravar ainda mais o êxito de civis: segundo estimativas, cerca de um terço da população se deslocou internamente ou deixou o país para fugir da violência.

As autoridades humanitárias da ONU pediram uma ação urgente para impedir que o conflito crescente no Líbano se transforme em um cenário de devastação semelhante ao visto em Gaza, onde Israel definiu quase 80% do território como zona de deslocamento e mais de 1,9 milhão de pessoas estão deslocadas.

— Estou pensando, desde o momento em que acordo até o momento em que durmo, que podemos entrar no mesmo tipo de espiral de destruição... Não deveríamos permitir que isso aconteça — disse Matthew Hollingworth, diretor do Líbano para o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, nesta terça-feira.

Depois de enfraquecer o Hamas em sua ofensiva em Gaza, iniciada após o ataque terrorista de 7 de outubro cometido pelo grupo, o Exército israelense transferiu a maior parte das suas operações para o Líbano em setembro para combater o Hezbollah, que abriu uma frente em 8 de outubro de 2023 contra Israel em apoio ao Hamas.

Israel quer afastar os combatentes xiitas de suas zonas fronteiriças, reduzir as hostilidades e permitir que cerca de 60 mil habitantes que fugiram da violência no norte voltem para casa.

Após quase um ano de fogo cruzado na fronteira, Israel começou a bombardear os redutos do Hezbollah no sul e no leste do Líbano, e nos subúrbios ao sul de Beirute, em 23 de setembro. No dia 30 de setembro, o Exército lançou uma ofensiva terrestre no sul do Líbano.