INTERNACIONAL

Militares norte-coreanos 'muito provavelmente' morreram na Ucrânia, diz Seul

Na semana passada, jornal ucraniano disse que seis oficiais e soldados da Coreia do Norte foram mortos em Donetsk; Moscou diz que é mais uma 'notícia falsa'

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-Yeol - KIM Min-Hee / POOL / AFP

O ministro da Defesa da Coreia do Sul disse ser “muito provável” que soldados norte-coreanos estejam combatendo ao lado das forças russas na Ucrânia, confirmando em parte uma alegação feita por Kiev de que alguns desses militares teriam morrido na linha de frente.

Moscou disse que essa era “mais uma notícia falsa sobre o conflito.

Em declarações a parlamentares sul-coreanos, na terça-feira, Kim Yong-hyun afirmou que “a ocorrência de mortes de oficiais e soldados norte-coreanos” na Ucrânia era “altamente provável”, e que Seul acredita que mais militares serão enviados à linha de frente em breve.

"A questão do envio de tropas é altamente provável diante dos acordos mútuos que se assemelham a uma aliança militar entre a Rússia e a Coreia do Norte", concluiu o ministro.

Na sexta-feira da semana passada, o jornal Kyiv Post afirmou que seis militares norte-coreanos morreram na região de Donetsk na quinta-feira, onde hoje se concentram os principais no leste ucraniano, citando fontes de inteligência em Kiev.

No sábado, um oficial responsável por um centro de contenção de desinformação disse que havia “pequenos números de engenheiros de combate” da Coreia do Norte na mesma área.

E na quarta-feira, a Ucrânia afirmou ter atingido um depósito de armas enviadas por Pyongyang à Rússia na região russa de Bryansk, próxima à fronteira.

Desde o início da guerra, Rússia e Coreia do Norte têm intensificado seus laços comerciais e militares, usando uma antiga porém turbulenta relação herdada dos tempos da União Soviética para obter benefícios mútuos.

Pelo lado russo, os amplos arsenais acumulados desde os anos 1950 em solo norte-coreano poderiam ser usados na Ucrânia, onde os combates intensos por terra exigem uma quantidade elevada de munições de artilharia e foguetes.

Por outro, o regime comandado por Kim Jong-un depende do envio externo de alimentos e insumos energéticos — agora também enviados em maior quantidade pela Rússia — para driblar as sanções internacionais e superar uma série de desastres climáticos que afetaram a colheita e causaram estragos em todo o país.

Em setembro do ano passado, Kim Jong-un se encontrou com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no extremo oriente russo, e no mesmo período os envios de cargas vindas da Coreia do Norte — supostamente armas — se intensificaram.

Em junho, foi a vez de Putin ir a Pyongyang e assinar uma série de acordos, incluindo um que previa a “assistência mútua” no caso de agressões externas. Foi esse o texto citado pelo ministro sul-coreano na conversa com os parlamentares.

"O ambiente de segurança global está mudando rapidamente à medida que a guerra Rússia-Ucrânia e a situação no Oriente Médio. A relação entre a Rússia e a Coreia do Norte está se tornando quase uma aliança militar", disse Kim Yong-hyun, citado pela agência Yonhap. 

"A Coreia do Norte está aumentando suas capacidades nucleares e de mísseis e ameaçando seriamente a ordem de segurança na região, incluindo na Península Coreana".

O Kremlin nega ser comprador de armas norte-coreanas — assim como também nega a compra de drones e, mais recentemente, foguetes iranianos —, e nesta quinta-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, chamou “mais um boato informativo” as alegações sobre a presença de militares da Coreia do Norte ao lado de suas linhas na Ucrânia.

Especialistas afirmam que, o envio de tropas seria mais um “passo esperado” nessa aliança entre Pyongyang e o Kremlin.

"Para a Coreia do Norte, que forneceu à Rússia muitos projéteis e mísseis, é crucial aprender a manusear diferentes armas e ganhar experiência de combate no mundo real", disse Lim Eul-chul, professor do Instituto de Estudos do Extremo Oriente de Seul à AFP.

"Isso pode até ser um fator determinante por trás do envio de soldados norte-coreanos: para fornecer a eles experiências diversas e treinamento em tempo de guerra".