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Ucrânia pede que aliados mantenham apoio militar para conseguir fim da guerra com a Rússia em 2025

Zelensky encerra nesta sexta-feira, um intenso giro de dois dias pela Europa, com o qual tenta garantir mais apoio militar para seu país

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (E), é recebido por um cavalheiro papal no pátio de San Damaso, antes de seu encontro com o Papa Francisco, no Vaticano - Andreas Solaro / AFP

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, instou nesta sexta-feira(11) seus aliados a manterem o apoio militar a Kiev até 2025, para obter um desfecho "justo e rápido" da guerra com a Rússia.

"A Ucrânia quer um final justo e rápido para esta guerra (...) gostaria que fosse, no máximo, no ano que vem, 2025", declarou Zelensky durante uma visita a Berlim.

"Para nós, é muito importante que a ajuda não diminua no próximo ano", enfatizou, ao lado do chefe de governo alemão, Olaf Scholz.

Zelensky encerra nesta sexta-feira, na capital alemã, um intenso giro de dois dias pela Europa, com o qual tenta garantir mais apoio militar para seu país, alvo de uma invasão russa há mais de dois anos e meio.

Scholz, cujo governo prevê cortar pela metade em 2025 o montante destinado à ajuda militar para os ucranianos, reiterou o apoio da Alemanha. "Nosso apoio à Ucrânia não vacilará", prometeu.

A busca "por uma paz justa e duradoura para a Ucrânia continua sendo a diretriz de nossa ação conjunta", sublinhou o chanceler alemão, que assegurou a Zelensky que os aliados não aceitarão "uma paz imposta pela Rússia".

Reconstrução
A viagem de Zelensky ocorre em um momento difícil no campo de batalha.

O Exército russo seguiu registrando avanços no front leste ao longo dos últimos meses e reivindicou a tomada de duas novas localidades nesta sexta-feira.

Na região de Odesa, ao menos quatro pessoas morreram em bombardeios russos durante a noite, segundo o governador regional.

Scholz anunciou uma ajuda de curto prazo de 170 milhões de euros (pouco mais de R$ 1 bilhão) para reparar infraestruturas danificadas.

O presidente ucraniano se reuniu na quinta-feira em Londres com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o secretário-geral da Otan, Mark Rutte; em Paris, com o presidente francês, Emmanuel Macron; e em Roma, com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

Nesta sexta-feira, foi recebido no Vaticano pelo papa Francisco, a quem pediu apoio diplomático da Santa Sé para trazer de volta os ucranianos capturados por Moscou.

Desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, o chefe da Igreja católica tem multiplicado os apelos à paz, sem resultados e com alguns atritos com Kiev.

Em março, o pontífice provocou uma crise diplomática entre Kiev e o Vaticano ao pedir à Ucrânia que "levantasse a bandeira branca e negociasse".

Plano de vitória 
Este giro ocorre a menos de um mês das eleições presidenciais dos Estados Unidos, cujo desfecho preocupa Zelensky.

Uma vitória do republicano Donald Trump contra a democrata Kamala Harris poderia colocar em risco o apoio militar e financeiro contínuo que os Estados Unidos têm oferecido à Ucrânia desde o início da invasão russa.

Zelensky negou na quinta-feira que o objetivo de sua viagem seja falar sobre um eventual cessar-fogo com a Rússia, mas sim apresentar aos seus aliados seu "plano para a vitória".

O objetivo é "criar as condições para um final justo da guerra", declarou, conforme citado em um comunicado de seu gabinete. "A Ucrânia só pode negociar a partir de uma posição forte", acrescentou.

Esse plano, cujos detalhes ainda não são conhecidos, deve ser revelado em uma cúpula pela paz em novembro, em data que ainda será definida.

"A questão aqui é a Ucrânia, mas também a defesa do Ocidente e como nos manteremos seguros", disse na quinta-feira Rutte, que prometeu manter a Ucrânia entre suas prioridades.