Trump visita a cidade que estigmatiza como exemplo de criminalidade de migrantes
Desde o início da campanha, o candidato republicano à Casa Branca tem afirmado que os Estados Unidos estão sendo invadidos por pessoas que chama de "selvagens" e "animais"
Donald Trump voltará a atacar a imigração nesta sexta-feira (11) em uma cidade do Colorado, tomada, segundo ele, pela gangue venezuelana Trem de Aragua, apesar de as autoridades desmentirem essa alegação.
Desde o início da campanha para as eleições de 5 de novembro, o ex-presidente e candidato republicano à Casa Branca tem afirmado que os Estados Unidos estão sendo invadidos por pessoas que chama de "selvagens" e "animais", que estão "matando" e "envenenando" o país.
Há várias semanas, um vídeo gravado em Aurora, no estado do Colorado, oeste do país, viralizou em alguns meios conservadores. Nele, aparecem latinos armados em um prédio.
Foi o suficiente para que simpatizantes da direita radical alegassem que a cidade estava sendo aterrorizada por migrantes latino-americanos.
O proprietário dos apartamentos aumentou a polêmica ao afirmar que não podia realizar reparos devido à presença do Trem de Aragua.
"Tirá-los será uma história sangrenta", disse Trump em agosto. "Não será fácil, mas vamos conseguir", acrescentou.
O bilionário republicano também espalhou o boato de que migrantes em situação irregular estavam comendo animais de estimação em uma cidade no estado de Ohio (meio-oeste).
- Desmentidos -
Tais afirmações, em ambos os casos, estão longe da realidade e foram desmentidas até por republicanos.
O prefeito conservador de Aurora, Mike Coffman, declarou que "os problemas enfrentados em algumas poucas propriedades (...) não se aplicam à cidade como um todo, nem à maior parte dela".
A polícia local informou à AFP nesta semana que tem conhecimento apenas de casos isolados envolvendo membros dessa gangue na localidade.
Trump falará em Aurora "sobre como deportará os migrantes ilegais criminosos e fará com que os Estados Unidos voltem a ser seguros", disse sua equipe de campanha.
A retórica anti-imigração de Trump tem aumentado. Esta semana, ele chegou a dizer que migrantes com antecedentes criminais levam "genes ruins" para o país.
Com essa mensagem, espera mobilizar o eleitorado de alguns estados indecisos.
A candidata democrata, a vice-presidente Kamala Harris, também se concentrará no oeste, onde vive grande parte da população latina do país, com um comício nesta sexta-feira no Arizona.
Esse é um dos sete estados-pêndulo, que não se inclinam claramente pelos democratas nem republicanos, e que provavelmente decidirão o vencedor das eleições, já que o voto é indireto.
Harris conta com o apoio de pesos pesados de seu partido, como Barack Obama, que já atacou frontalmente Trump na quinta-feira na Pensilvânia, outro estado-chave, e irá para Arizona e Nevada.
Outro ex-presidente democrata, Bill Clinton, fará campanha na Geórgia (sudeste).
- Advertência de Hillary -
Hillary Clinton, ex-secretária de Estado dos EUA, advertiu em uma entrevista divulgada nesta sexta-feira que Harris deve "estar preparada para surpresas de última hora em outubro".
Ela sabe do que está falando. Em 2016, quando era a candidata democrata e foi derrotada por Trump, enfrentou a divulgação, pouco antes das eleições, de milhares de e-mails de sua campanha, obtidos por agentes russos, segundo a CIA.
A vice-presidente, que aparece na capa da revista Vogue, viajará para a Carolina do Norte (sudeste) neste fim de semana e para a Pensilvânia (nordeste) na segunda-feira.
Depois do Colorado, Trump irá para Nevada ainda nesta sexta-feira, antes de viajar para o Arizona no domingo. Além disso, fará campanha em terras democratas: no domingo na Califórnia e no final de outubro em Nova York.