Ministério da Saúde dará assistência a receptores de órgãos que testaram positivo para HIV
Laboratório que prestava serviço para o Estado foi interditado pela Vigilância Sanitária
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que o governo dará assistência especializada as seis pessoas testaram positivo para HIV após receberem órgãos transplantados no Estado do Rio. A informação foi divulgada pela Bandnews nesta sexta-feira e confirmada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) ao GLOBO.
Contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, o laboratório privado PCS Lab Saleme passou por fiscalização da Anvisa e foi interditado, após serem encontradas inúmeras irregularidades.
Em evento do G7 na Itália, Nisia Trindade gravou um vídeo tratando de medidas que serão adotadas após a revelação do caso. Uma delas é a interdição cautelar do laboratório PCS Lab Saleme e a retestagem de todo material que havia sido inicialmente testado por esse laboratório.
— Até o momento tivemos a confirmação de que dois doadores tiveram novo teste positivo para HIV e seis receptores também tiveram teste positivos para HIV — afirmou a ministra. — Outra medida é o encaminhamento de todos os testes do Rio de Janeiro para Hemorio, o apoio incondicional e assistência especializada a doadores e receptores que tiveram teste positivo para HVI, além de uma auditoria do sistema nacional de autoria do SUS — afirmou a ministra em vídeo.
Entre os transplantes feitos estão os de rins, fígado, coração e córnea. A notificação do primeiro caso foi feita no dia 10 de setembro, segundo a matéria da Bandnews. O exame para HIV de dois doadores havia dado negativo na época da morte, mas eles eram soropositivos.
Segundo a secretária estadual de saúde, Cláudia Mello, foram amostras reservas guardadas no Hemorio indicaram que o resultado era positivo.
— A amostra que se mostrou positiva é uma alíquota que fica guardada, reservada no Hemorio. Houve essa comparação e novamente houve um laudo negativo no exame (do laboratório privado) e positivo no laudo do Hemorio.
O paciente que recebeu um coração apresentou sintomas e reações nove meses depois, dando entrada em um hospital da rede estadual com sintomas neurológicos. Após fazer inúmeros exames, ele testou positivo para o vírus HIV.
Outros doadores estão sendo testados pelo Hemorio para saber se há mais casos registrados.
Segundo o RJ1, da TV Globo, os pacientes que receberam os transplantes de rins também testaram positivo para o HIV. Já a que recebeu a córnea, que não é tão vascularizada, teve resultado negativo para o vírus. O que recebeu o fígado morreu pouco tempo após a cirurgia.
Auditória
O Ministério da Saúde afirmou nesta sexta-feira que determinou uma auditoria urgente pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS) no sistema de transplante do Rio de Janeiro, além da apuração de eventuais irregularidades.
A decisão ocorre após o Ministério da Saúde ser notificado sobre a contaminação de seis pacientes após transplantes. De acordo com a pasta, o erro aconteceu nos testes que são realizados antes da autorização do transplante.
O laboratório contratado pela Fundação Saúde, sob responsabilidade da Secretaria de Estado do Rio de Janeiro para o atendimento ao programa de transplantes é privado, será interditado a pedido do Ministério da Saúde.
Até o momento houve a confirmação de infecção por HIV de dois doadores e seis receptores que tiveram teste positivo. De acordo com a Saúde, "a situação está sendo tratada com extrema seriedade, visando cuidar dos pacientes e suas famílias e preservar a confiança da população nesse serviço essencial".
Laboratório Saleme errou diagnóstico e foi condenado a indenizar paciente
O Laboratório Saleme, que não identificou a contaminação por HIV-Aids de órgãos transplantados em seis pacientes da Central de Transplantes do Estado do Rio, foi condenado em 2018 a pagar uma indenização de R$ 3 mil por danos morais a uma paciente, que realizou exames no local e teve um diagnóstico equivocada de que estava com câncer no útero.
Ao fazer exames de rotina, no laboratório, a mulher recebeu um laudo da ultrassonografia indicando que estaria com câncer no colo do útero provocado pelo vírus HPV, doença sexualmente transmissível.
A mulher contestou o diagnóstico afirmando a uma médica de uma clínica que era vinculada a própria Saleme que era sexualmente ativa há pouco tempo e que só manteve relações com o namorado.
A profissional receitou um antibiótico para ser aplicado na vagina e disse para a paciente que se esse tratamento não desse certo teria que se submeter a radioterapia e quimioterapia par eliminar o câncer.
Inconformada, a paciente procurou um segundo laboratório, que descartou o diagnóstico inicial.