SAÚDE

Saiba como funciona o sistema de transplante de órgãos no Brasil

Brasil é o 2º país com mais procedimentos do mundo

Transplante de órgãos - HFB/Divulgação

Os casos de contaminação por HIV registrados no Rio de Janeiro após transplantes de órgãos geraram a preocupação de autoridades, incluindo o Ministério da Saúde, e de pacientes. Afinal, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil tem o maior programa público de transplantes do mundo. Mais de 90% das cirurgias são feitas pelo SUS, enquanto a maioria dos planos privados de saúde não cobre este tipo de tratamento. Mas, afinal, como funciona o sistema de transplante de órgãos no Brasil?

Triagem
A identificação de potenciais doadores é feita nos hospitais e unidades de saúde onde os pacientes estão internados após o diagnóstico de morte encefálica (vítima de acidente com traumatismo craniano e derrame cerebral, por exemplo).

A doação, no entanto, precisa de uma autorização da família. Isso é necessário para que ocorra a retirada dos órgãos. Após a anuência, as equipes médicas tomam as medidas necessárias para a preservação das funções vitais dos órgãos.

A partir de então, o hospital notifica a Central de Transplantes estadual sobre a existência de um potencial doador de órgãos e tecidos. A central, por sua vez, pede a confirmação do diagnóstico de morte encefálica e inicia os testes de compatibilidade entre o potencial doador e os potenciais receptores em lista de espera.

Somente entre janeiro e junho deste ano, o Brasil realizou 14.352 mil transplantes por Sistema Único de Saúde (SUS). O número já é maior que o do ano passado, quando foram registrados 13,9 mil durante o mesmo período. O Ministério da Saúde possui protocolos sobre como agir em cada caso.

Tempo de espera
Quando existe mais de um receptor compatível, a decisão de quem receberá o órgão passa por critérios como tempo de espera e urgência do procedimento.

Foi o que aconteceu com o apresentador de TV Fausto Silva, por exemplo, em agosto do ano passado. Faustão recebeu um coração tão rápido porque estava em uma situação grave, com insuficiência cardíaca agravada.

Esses casos são possíveis porque, no geral, embora o paciente seja inserido na ordem cronológica — ou seja, pela data da indicação para o recebimento do novo órgão —, fatores como a gravidade clínica podem tornam o caso “prioridade”, o que faz com que o indivíduo vá para o início da fila.

Após ser comunicada, a Central de Transplantes, através de um sistema informatizado, gera uma lista de potenciais receptores para cada órgão e comunica aos hospitais onde eles são atendidos.

As equipes de transplante, então, adotam os procedimentos necessários para viabilizar o transporte dos órgãos. Há casos em que eles são transportados em aeronaves do estado brasileiro, quando o transplante está em localidades mais distantes e de maior tempo de locomoção.

Chegando ao hospital do paciente receptor, o transplante é realizado.

De acordo com o Ministério da Saúde, no caso de morte por parada cardiorrespiratória, “após avaliação do doador por critérios definidos, os tecidos são retirados e encaminhados para bancos de tecidos”.

Ainda segundo os portais do Ministério da Saúde, para receber um órgão, o potencial receptor deve estar inscrito em uma lista de espera, respeitando-se a ordem de inscrição.

“A lista é única por estado ou por região e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e por órgãos de controle federais, impossibilitando que uma pessoa conste em mais de uma lista, ou que a ordem legal não seja obedecida. A inscrição na lista somente pode ser realizada por um médico com autorização vigente”, diz o portal da pasta.