ALERTA

Mortes em série de peixe gigante ameaçado de extinção no litoral paulista intriga biólogos

Meros, conhecidos pelo porte avantajado, têm a pesca proibida no Brasil desde 2002

O biólogo Ed Ventura deitado ao lado de um peixe mero encontrado morto em Iguape, no litoral sul de São Paulo, em 28 de setembro - Instagram/Reprodução

Pelo menos 18 peixes da espécie mero, conhecidos por sua grandeza, morreram no litoral paulista com a chegada da primavera. Os animais, que são ameaçados de extinção, protagonizaram cenas incomuns desde o final de setembro.

Em alguns vídeos nas redes sociais, meros aparecem boiando perto de costas brasileiras. Sem causas definidas, as sucessivas mortes deixaram biólogos em alerta.

O projeto Meros do Brasil revelou que, desde o início de agosto, foram registrados quatro encalhes do peixe gigante em Santa Catarina e outros quatro em São Paulo.

De acordo com o grupo, a poluição marinha pode ser apontada como um dos fatores de risco. Há 21 anos, a organização pesquisa e preserva os meros ou "gigantes dos mares", conhecidos por conta do porte avantajado, de até 400 quilos e três metros de comprimento.

"Essa é uma notícia muito triste para uma espécie criticamente ameaçada de extinção, mas também uma oportunidade para entendermos melhor a bioecologia dos meros", disse o projeto em um post no Instagram.

Boiando no mar ou encalhados nas praias, os peixes aparecem em vários vídeos pelas redes sociais.

Um desses registros foi feito pelo biólogo Ed Ventura, que encontrou um mero morto na praia do Rio Verde, na cidade de Iguape (SP), no dia 28 de setembro. No Instagram, ele destacou o porte do peixe.

"Ele é bem grande, eu tenho 1,81 metro de altura e ele é do meu tamanho".

Nesta sexta-feira (11), o biólogo fez mais um registro, só que desta vez na praia do Guaraú, em Peruíbe (SP). No vídeo, apenas a carcaça do peixe gigante apareceu na região.

Em entrevista ao Globo, Ventura ainda considera as mortes na região um mistério. Mas suspeita que possa ter relação com algum tipo de "intoxicação que parece afetar essa espécie".

— Moro e trabalho há nove anos aqui no litoral, ao lado da estação ecológica Juréia-Itatins, e foi a primeira vez que presencio isso — contou o biólogo.

A espécie pode viver até 40 anos. Ela habita manguezais, recifes, costões rochosos e estruturas artificiais, como embarcações naufragadas. No Brasil, depois da mais recente avaliação de ameaça, realizada em 2020, a categoria "criticamente em perigo (CR)" permanece.

A captura dos meros está proibida desde 2002, de acordo com a Portaria IBAMA nº 121, que veta, além da pesca, o transporte, o beneficiamento e a comercialização da espécie em todo o território nacional.