TECNOLOGIA

Briga sobre irmã pode estar por trás de morte de "pai do Android"; assassino vai a julgamento

Empreendedor Nima Momeni deve argumentar que agiu em legítima defesa ao ferir Bob Lee

Bob Lee - wikipedia

Um ano e meio após o esfaqueamento fatal do executivo de tecnologia Bob Lee em uma rua do centro de São Francisco ter chamado atenção internacional, o homem apontado como assassino vai a julgamento — e deve argumentar que agiu em legítima defesa.

Lee era reverenciado pela comunidade de tecnologia como um mestre codificador que ajudou a desenvolver o Android do Google (liderou a equipe que deu vida à biblioteca do sistema operacional) e o Cash App da Square antes de se tornar um alto executivo da MobileCoin.

O assassinato do profissional de 43 anos alimentou inicialmente a especulação de que ele era uma vítima aleatória da violência em uma cidade que sofria com a criminalidade no pós-pandemia. A narrativa mudou quando a polícia prendeu um colega seu, o empreendedor de tecnologia Nima Momeni, e o acusou de assassinato premeditado. As autoridades alegam que os homens discutiram sobre a irmã de Momeni, Khazar.

Agora, a equipe de defesa de Momeni está pronta para dizer ao júri na alegações iniciais, nesta segunda-feira, que Lee era o agressor. Os advogados vão argumentar que, depois que todos os três estavam socializando no apartamento de luxo de Khazar, os homens foram embora. Lee teria então usado uma faca de cozinha para atacar Momeni, que então teria virado a arma branca na direção de Lee. O executivo morreu no hospital em decorrência de facadas que perfuraram coração e pulmão.

Não está claro se os jurados ouvirão um testemunho de Momeni, que dirigia uma empresa de consultoria de TI e teve problemas anteriores com a polícia, incluindo um suposto esfaqueamento de dois adolescentes em 2005. Mas Khazar pode ser uma testemunha-chave, pois ela estava em um círculo social com os dois homens, ambos conhecidos por gostar de festas.

O julgamento marca um teste de alto nível para a promotora distrital de São Francisco, Brooke Jenkins, nomeada para seu cargo pela prefeita London Breed com uma agenda dura contra o crime, após a destituição em 2022 do promotor progressista Chesa Boudin.

Mas um veredito no caso Momeni é improvável antes que Jenkins enfrente os eleitores em 5 de novembro, em sua tentativa de ser eleita para um mandato de quatro anos. Seu gabinete disse que o julgamento pode levar dois meses, com depoimentos agendados quatro dias por semana.

Os promotores alegam que Nima Momeni planejou matar Lee após uma disputa sobre Khazar. Eles citaram o depoimento de um amigo que estava socializando com Lee no dia anterior ao incidente, imagens de vídeo dos homens saindo do prédio de apartamentos de Khazar e indo embora no BMW de Momeni e testes de DNA da faca encontrada perto da cena do esfaqueamento.

A acusação também aponta para uma mensagem de texto que Khazar havia enviado a Lee na manhã seguinte, aparentemente sem saber de sua morte: "Só queria ter certeza de que você está bem Porque eu sei que Nima foi muitooooo duro com você E obrigado por ser um homem tão elegante lidando com isso com classe."

Os advogados de Momeni argumentam que os promotores interpretaram mal suas motivações e que os testes forenses não foram conduzidos corretamente. A defesa alega que o teste de DNA na faca está incompleto, não é confiável e não captou que Lee também a segurava quando foi atingido.

O juiz da Corte Superior de São Francisco Harry Dorfman, que no ano passado ordenou que Momeni fosse a julgamento, disse na época que via as evidências contra o réu como "muito fortes". Um juiz diferente está supervisionando o julgamento.