GUERRA

Netanyahu promete continuar atacando Hezbollah após bombardeio contra base israelense

O movimento islamista pró-iraniano lançou no domingo um bombardeio contra uma base de treinamento da brigada Golani em Binyamina, no norte de Israel

Premier de Israel, Benjamin Netanyahu - Roberto Schimidt/AFP

O primeiro-ministro israelense,Benjamin Netanyahu, prometeu, nesta segunda-feira (14), que seu país continuará "atacando sem piedade o Hezbollah" em todas as partes do Líbano, um dia após o bombardeio mais letal lançado pelo movimento islamista em território israelense desde o início da escalada.

Após quase um ano de troca de disparos na fronteira entre Israel e Hezbollah, aliado do movimento palestino Hamas, o Exército israelense intensificou seus bombardeios contra o Líbano em 23 de setembro e, uma semana depois, lançou uma ofensiva terrestre.

O movimento islamista pró-iraniano lançou no domingo um bombardeio contra uma base de treinamento da brigada Golani em Binyamina, no norte de Israel. O ataque deixou quatro soldados mortos e foi o mais letal em território israelense desde 23 de setembro.

Segundo a United Hatzalah, organização de socorristas voluntários, o bombardeio com drones também feriu mais de 60 pessoas.

Netanyahu garante que seu país continuará "atacando sem piedade o Hezbollah" em todas as partes do Líbano, incluindo Beirute, durante uma visita à base.

O movimento xiita informou que seus milicianos enfrentam as forças israelenses em "combates violentos" na localidade libanesa de Aita al Shaab, perto da fronteira.

O Hezbollah também reivindicou um bombardeio com foguetes contra uma base naval perto de Haifa, no norte de Israel, um ataque contra um quartel próximo a Netanya, cidade costeira ao norte de Tel Aviv, e o lançamento de uma bateria de projéteis contra Safed.

O Exército israelense, por sua vez, disse ter interceptado projéteis provenientes do Líbano no centro do país e também dois drones que se aproximavam vindos da Síria.

Os bombardeios "apontam para nós"
Em Aito, no norte do Líbano, o ministério da Saúde reportou que 21 pessoas morreram em um bombardeio israelense que atingiu um vilarejo em uma região montanhosa de maioria cristã que nunca havia sido atacada, já que as operações costumam ser dirigidas contra os redutos do Hezbollah.

Um fotógrafo da AFP viu restos de pessoas em frente ao edifício localizado na entrada da vilarejo, que ficou completamente destruído.

As autoridades libanesas indicaram que estão realizando testes de DNA nos restos encontrados no local para identificá-los.

O Ministério da Saúde libanês denunciou, nesta segunda-feira, que Israel "continua mirando equipes médicas, de resgate e paramédicos".

Anis Abla, de 48 anos, dirige a Defesa Civil de Marjayoun, perto da fronteira, e relatou que as missões "estão se tornando cada vez mais difíceis".

"Os bombardeios que se sucedem apontam para nós (…) Estamos cada vez mais cansados", afirmou.

Após ter enfraquecido o Hamas em Gaza, Israel deslocou a maior parte de suas operações para o Líbano e afirma que o objetivo é permitir o retorno de cerca de 60.000 israelenses deslocados do norte do país devido aos disparos de projéteis do movimento islamista.

Essas operações, iniciadas em 23 de setembro, deixaram desde então pelo menos 1.315 mortos no Líbano, segundo um levantamento da AFP, e cerca de 700.000 deslocados, segundo a ONU.

Não haverá retirada da Unifil
Os combates no Líbano também atingiram a força de paz da ONU mobilizada no sul do Líbano, a Unifil.

O organismo acusou o Exército israelense de fazer disparos "repetidos" e "deliberados" contra suas instalações e denunciou "violações escandalosas" ao direito internacional, depois que tanques israelenses entraram "à força" em uma de suas posições.

O Exército israelense afirmou que um de seus tanques, "que tentava retirar soldados feridos [...] colidiu com um posto da Unifil".

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, cujo país tem capacetes azuis no Líbano, afirmou nesta segunda-feira que "não haverá retirada da Unifil" e criticou Netanyahu por ter exigido no domingo que a ONU colocasse seus soldados "fora de perigo".

"Os ataques contra as forças de paz violam o direito internacional...(e) podem constituir um crime de guerra", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Bombardeio em Gaza
Na Faixa de Gaza, onde Israel lançou uma intensa ofensiva em resposta ao ataque de 7 de outubro de 2023 dos combatentes do Hamas contra o sul do seu território, o Exército anunciou, nesta segunda-feira, que bombardeou um "centro de comando e controle que fica em um complexo que abriga o hospital Mártires de Al Aqsa", na cidade de Deir el Balah, no centro do território.

A Defesa Civil de Gaza afirmou que o ataque deixou quatro mortos e vários feridos. Também indicou que esta foi a sétima vez que um bombardeio atingiu "tendas de deslocados".

No ataque de 7 de outubro de 2023 em solo israelense, milicianos do Hamas mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses e que inclui reféns mortos em cativeiro em Gaza.

Ao menos 42.289 palestinos, a maioria civis, morreram na ofensiva israelense no território, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.