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ONU alerta para risco de "catástrofe humanitária" por seca histórica no sul da África

A seca destruiu 70% das colheitas na Zâmbia e 80% no Zimbábue

Moradores de Liliba carregam seus baldes cheios de água de um caminhão-tanque fornecido pela cidade de Ekurhuleni em Tembisa, África do Sul - Phill Magakoe / AFP

Milhões de pessoas no sul da África estão ameaçadas pela fome devido a uma seca histórica que pode causar "uma catástrofe humanitária em grande escala" pela falta de recursos, alertou o Programa Mundial de Alimentos (PMA) nesta terça-feira (15).

O organismo da ONU "lança um apelo urgente por ajuda para evitar que a seca generalizada, desencadeada pelo fenômeno El Niño, se transforme em uma catástrofe humanitária de grande escala", declarou em Genebra o porta-voz do PMA para o sul da África, Tomson Phiri.

O PMA está distribuindo alimentos e apoiando programas de ajuda, mas só recebeu um quinto dos 369 milhões de dólares (R$ 2,1 bilhões) necessários, lamentou Phiri.

Cinco países (Lesoto, Malauí, Namíbia, Zâmbia e Zimbábue) declararam estado de emergência depois que a seca destruiu colheitas e gado há vários meses.

Angola e Moçambique também estão gravemente afetados, indicou o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

A seca destruiu 70% das colheitas na Zâmbia e 80% no Zimbábue, informou em julho à AFP a diretora interina regional do PMA para o sul da África, Lola Castro.

A crise deve continuar se agravando até as próximas colheitas em março e abril do ano que vem, advertiu o PMA.

"Uma seca histórica — a pior crise alimentar até o momento — destruiu mais de 27 milhões de vidas em toda a região", declarou o porta-voz do PMA para o sul da África.

"Cerca de 21 milhões de crianças estão desnutridas", acrescentou.

Trata-se da pior seca na região em um século, segundo Castro.

A falta de chuvas também reduziu a capacidade de geração de energia hidrelétrica na região, provocando significativos cortes de eletricidade.

Zimbábue e Namíbia anunciaram que sacrificaram centenas de animais selvagens, a exemplo de elefantes, para aliviar a pressão sobre os recursos.