Saúde

Câncer do colo do útero: novo tratamento reduz o risco de morte pela doença em 40%

O método se baseia em um curto período de quimioterapia antes da quimiorradiação; o trabalho foi publicado na revista científica The Lancet

Modelo de um útero real, com apenas uma cavidade - Freepik

Um novo tratamento para o câncer do colo do útero reduz 40% do risco de morte e 35% das chances de retorno do câncer dentro de cinco anos, como mostram evidências publicadas na revista científica The Lancet. Este é o maior avanço registrado nos últimos 25 anos.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), entre 2023 e 2025, o Brasil terá 17.010 novos casos de câncer de colo do útero, o que representa uma taxa de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres. A doença é a terceira mais comum em mulheres, ao excluir os tumores de pele não melanoma.

O método se baseia em um curto período de quimioterapia de indução (CI) antes da quimiorradiação, a técnica padrão que consiste em uma combinação de quimioterapia e radioterapia. Ele foi testado ao longo de 10 anos em 500 participantes do Reino Unido, México, Índia, Itália e Brasil.

A equipe de pesquisa, liderada pela University College London (UCL), estabeleceu dois grupos: o de controle e o que recebeu o novo plano de tratamento. O primeiro, recebeu apenas a quimiorradiação.

Já o segundo, passou pelo tratamento de quimioterapia com os medicamentos carboplatina e paclitaxel por seis semanas e em seguida, pela quimiorradiação.

Segundo o estudo, após cinco anos, 80% das participantes que foram tratadas com o novo método estavam vivas e em 72% delas o câncer não se espalhou para outro local ou retornou. Já no grupo de controle (com o tratamento usual sem a quimioterapia primeiro), 72% estavam vivas e em 64% delas o câncer não retornou o se espalhou.

"Isso representa a primeira melhora substancial publicada na sobrevida global entre pacientes com câncer do colo do útero localmente avançado desde a cisplatina concomitante há mais de duas décadas", escreveram os autores.

Uma preocupação levantada por pesquisas anteriores é que a quimioterapia de indução fosse responsável pelo atraso na administração da quimiorradioterapia definitiva.

"Nenhuma diferença nas taxas de recidiva ou morte foi observada em pacientes em que o intervalo para iniciar a quimiorradioterapia foi de 7 dias ou menos ou 14 dias ou menos (26% para ambos). Um cronograma rigoroso ainda é importante e uma combinação de um cronograma de quimioterapia com dose densa e um pequeno intervalo entre a quimioterapia de indução e o início da quimiorradioterapia limita o potencial de repopulação antes da quimiorradioterapia definitiva", argumentaram os cientistas.