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Presidente ucraniano descarta ceder território para encerrar guerra com a Rússia

A diplomacia russa acusou Zelensky de "empurrar" os países da Aliança Atlântica, liderada por Estados Unidos, para um "conflito direto" com Moscou

Volodimyr Zelensky, presidente da Ucrânia - Angela Weiss/AFP

O presidente Volodimir Zelensky descartou ceder território ucraniano para pôr fim à guerra com a Rússia pediu a entrada de seu país na Otan, ao apresentar, nesta quarta-feira (16) seu "Plano para a Vitória" ante o Parlamento em Kiev.

"A Rússia deve perder a guerra contra a Ucrânia. Não pode haver um 'congelamento' (da linha de frente). Não pode haver troca que envolva o território da Ucrânia ou sua soberania", afirmou o presidente aos deputados durante a explicação do plano.

O projeto estará na agenda da reunião ministerial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que começa nesta quinta-feira em Bruxelas, anunciou o secretário-geral do organismo, Mark Rutte.

A diplomacia russa acusou Zelensky de "empurrar" os países da Aliança Atlântica, liderada por Estados Unidos, para um "conflito direto" com Moscou, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.

Como parte de seu "Plano para a vitória", Zelensky defendeu a mobilização de recursos de dissuasão não nucleares em seu país.

"A Ucrânia propõe instalar em seu território um conjunto completo de medidas de dissuasão estratégica não nucleares, que será suficiente para proteger a Ucrânia de qualquer ameaça militar da Rússia", disse.

O presidente afirmou que os detalhes da proposta foram incluídos em um "anexo secreto" ao seu plano de vitória, que transmitiu aos Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália e Alemanha.

A Rússia assumiu o controle de quase 20% do território ucraniano desde o início da invasão, reduzindo cidades e vilarejos a escombros e matando milhares de civis.

Rússia rejeita plano de Kiev 
A prioridade do "Plano para a Vitória", insistiu Zelensky, é a maior integração da Ucrânia à Otan.

"O primeiro ponto é um convite da Otan, agora", afirmou Zelensky, antes de destacar que Moscou minou a segurança na Europa durante décadas porque Kiev não é membro do grupo.

Ele também voltou a pedir que os aliados ocidentais permitam o uso de armas de longo alcance contra a Rússia, cujo uso atualmente é restrito.

Zelensky fez um apelo aos "aliados para que retirem as restrições ao uso de armas de longo alcance em todo o território da Ucrânia ocupado pela Rússia e em território russo", sobre a "infraestrutura militar inimiga" e mais ajuda para "equipar as nossas brigadas de reserva".

A Rússia, que invadiu a Ucrânia no fim de fevereiro de 2022, rejeitou o plano de vitória apresentado por Zelensky e afirmou que Kiev deve "acordar". Moscou exige que a ex-república soviética desista do território que suas tropas já controlam no leste e no sul da Ucrânia como pré-condição para negociações de paz.

"O único plano de paz possível é que o regime de Kiev compreenda que sua política carece de perspectiva e é necessário que acorde", declarou à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O Ministério da Defesa da Rússia também anunciou nesta quarta-feira que as forças do país conquistaram as localidades de Nevske, na região de Luhansk, no leste da Ucrânia, e Krasni Yar, a 12 quilômetros de Pokrovsk, uma cidade que tem importância estratégica para o Exército ucraniano.

Zelensky, que apresentará nesta quinta-feira seu plano aos 27 países da União Europeia, tenta recuperar espaço no leste, graças, entre outras ações, à ofensiva que iniciou na região russa de Kursk em agosto, na fronteira entre os dois países.

A operação foi uma humilhação para a Rússia no âmbito militar, mas não enfraqueceu as forças russas mobilizadas na região do Donbass.

Em 22 de setembro, o presidente ucraniano apresentou seu plano ao seu homólogo americano, Joe Biden, mas, até agora, os Estados Unidos não fizeram nenhum anúncio, em particular, sobre o uso de armas de longo alcance.