CONFLITO

Com morte de Sinwar, Israel já matou mais de 10 líderes do Hamas e do Hezbollah durante a guerra

Operação faz parte de uma campanha israelense para desarticular as principais lideranças responsáveis pelo ataque sem precedentes contra o Estado judeu no ano passado

Yahia al-Sinwar era o líder político do Hamas - Mohammed Abed/AFP

Morto nesta quinta-feira após uma operação do Exército de Israel na Faixa de Gaza, o líder político do grupo terrorista Hamas, Yahya Sinwar, era tido como mentor do atentado de 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra no enclave palestino e se espalhou pelo Oriente Médio recentemente.

Com Sinwar, o número de líderes do Hamas e do grupo xiita libanês Hezbollah que Israel assassinou aumenta para mais de 10, incluindo figuras como Hassan Nasrallah e Ismael Haniyeh.

A operação que tinha Sinwar como alvo faz parte de uma campanha israelense para desarticular as principais lideranças responsáveis pelo ataque sem precedentes contra o Estado judeu no ano passado, quando mais de 1,2 mil pessoas foram mortas e cerca de 250 foram sequestradas.

Em resposta, Israel lançou uma ostensiva campanha militar no enclave, deixando mais de 40 mil mortos, a maioria mulheres e crianças.

Saiba quais líderes do Hezbollah e Hamas Israel já confirmou ter matado:

1. Hassan Nasrallah
Sayyed Hassan Nasrallah era secretário-geral do Hezbollah, segundo um comunicado do grupo. A morte do líder de 64 anos representou um duro golpe para o grupo que ele liderava desde 1992, potencialmente desestabilizando o Líbano como um todo.

Raramente visto em público, Nasrallah gozava de status de culto entre seus partidários muçulmanos xiitas e era o único homem no país com o poder de fazer a guerra ou a paz. Ele foi morto em um bombardeio israelense realizado contra prédios residenciais na região sul de Beirute. O quartel-general da organização estava no subterrâneo de um dos edifícios.

2. Ismail Haniyeh
Morto em julho, Ismail Haniyeh participava da posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, e foi atingido por um ataque aéreo. A morte foi anunciada por autoridades da nação persa e do movimento palestino. Haniyeh, de 62 anos, comandava a operação política do Hamas a partir do exílio, no Catar.

Meses antes da morte, ele era o principal interlocutor do grupo palestino nas negociações sobre um cessar-fogo com Israel na Faixa de Gaza. Países que atuam como mediadores lamentaram a morte do líder palestino e disseram que provavelmente comprometeria as conversas.

3. Ibrahim Qubaisi
O Hezbollah confirmou que o comandante sênior Ibrahim Qubaisi, apontado pelo Estado judeu como chefe da força de mísseis e foguetes do grupo, estava entre as seis pessoas mortas no ataque israelense num prédio em Beirute no final de setembro.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram destruição massiva após o bombardeio, com relato de destruição em três andares de um prédio residencial em seis andares em Ghobeiri. Também há informações de que dezenas de veículos e motocicletas que estavam em uma garagem foram danificados, além de prédios vizinhos e trechos de fiação elétrica. À agência britânica Reuters, fontes libanesas afirmaram que Qubaisi foi morto na ação.

4. Ibrahim Aqil
O comandante da Força al-Radwan, a unidade de elite do Hezbollah, foi morto em um ataque lançado pelo Exército israelense contra a capital do Líbano, Beirute, em setembro. Aqil estava entre os milhares de feridos na explosão simultânea de pagers e teria deixado um hospital na capital dias depois, segundo a agência de notícias alemã DPA.

Sua morte foi confirmada por uma fonte próxima do grupo à AFP e por fontes de segurança à Reuters, além de ter sido veiculada pelo Canal 12 israelense.

Aqil, que se supunha estar na casa dos 60 anos, era chefe de operações especiais e membro do Conselho da Jihad, o principal órgão militar da organização libanesa, e também o segundo em comando nas forças militares do movimento, depois apenas de Fuad Shukr, morto em julho também por um ataque israelense.

5. Ahmed Mahmud Wahbi
Wahbi morreu em um bombardeio israelense em Beirute, em setembro deste ano. Até ao início do ano, ele dirigiu as operações militares da Força Radwan, a unidade de elite do grupo libanês, em apoio ao Hamas.

6. Mohammed Deif
Chefe do Estado-maior do Hamas e um dos homens mais procurado pelos militares israelenses desde 1995 — por orquestrar os assassinatos de soldados e civis israelenses — Deif sobreviveu a pelo menos cinco tentativas de assassinato nas últimas duas décadas, mas acabou morrendo em agosto deste ano.

O Exército de Israel confirmou a morte de Deif após um ataque aéreo lançado contra um prédio em al-Mawasi, na região de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, em 13 de julho de 2024.

Mohammed Deif era apontado por Israel como um dos arquitetos do atentado terrorista de 7 de outubro, que desencadeou o atual conflito em Gaza. Comandante das Brigadas al-Qassam, unidade de elite dentro das forças palestinas, ele também é acusado de planejar atos terroristas contra o território israelense, incluindo uma série de atentados com homens-bomba, no fim dos anos 1990.

7. Mohammed Nasser
Mohammed Naame Nasser era comandante da Unidade "Aziz" do Hezbollah. Ele foi morto em julho deste ano em um ataque de drone israelense que atingiu seu carro no sul do Líbano. A unidade que ele liderava é responsável pela supervisão do setor ocidental dessa região.

Na época do assassinato, o exército israelense alegou que "Nasser liderou ataques com foguetes e mísseis antitanque do sudoeste do Líbano contra civis, comunidades e forças de segurança israelenses desde 2016. Ele ocupou cargos importantes dentro do Hezbollah e dirigiu vários ataques contra Israel antes e durante o conflito".

8. Fuad Shukr
Também em julho, Israel realizou um bombardeio em Beirute no qual afirma que matou o comandante do Hezbollah e chefe da sua unidade estratégica, Fuad Shukr, que responsabilizou por um ataque letal recente nas Colinas de Golã. Shukr foi o responsável pelo ataque do último sábado "no qual 12 crianças morreram depois que o Hezbollah disparou um foguete iraniano diretamente contra um campo de futebol no norte de Israel", declarou o porta-voz militar israelense, Daniel Hagari.

"Fuad Shukr era o braço direito de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, e seu conselheiro no planejamento e na direção de ataques e operações", acrescentou Hagari, afirmando que Shukr era "um terrorista de alto nível, que tinha o sangue de israelenses e muitos outros em suas mãos".

9. Taleb Abdallah
O comandante, Taleb Abdallah, também conhecido como Abu Taleb, está entre os membros de mais alto escalão do Hezbollah mortos desde o início da guerra entre Israel e Hamas em Gaza, em outubro passado, que levou o grupo xiita a organizar ataques transfronteiriços em apoio ao Hamas.

Os militares israelenses disseram, em um comunicado em junho, que atacaram um centro de comando e controle do Hezbollah, matando Abdallah e três outros integrantes do movimento. Também classificou Abdallah como um dos principais comandantes do Hezbollah no sul do Líbano.

10. Saleh al-Arouri
Chefe das operações do Hamas na Cisjordânia, al-Arouri morreu em uma explosão em janeiro deste ano, que também vitimou dois líderes de sua ala armada, segundo o Hamas, que atribuiu o caso a um “ataque sionista”. Ele foi acusado de planejar ataques contra Israel e ajudou a fortalecer a relação entre o Hamas e o Hezbollah, a milícia apoiada pelo Irã no Líbano.

Nos últimos anos, al-Arouri passou grande parte do tempo em Beirute, onde atuava como espécie de embaixador do Hamas para o Hezbollah, de acordo com autoridades de segurança da região. Ele também era considerado próximo de Yahya Sinwar, o líder do Hamas em Gaza.