PESQUISA

Cepas de microrganismos resistentes a desinfetantes estão presentes no dia a dia, mostra estudo

De acordo com uma publicação na revista científica Microbiome, um total de 363 cepas microbianas que não morrem ao entrarem em contato com álcool e sais de amônio quaternário

Cientistas acharam 11 cepas até então desconhecidas da bactéria Micrococcus luteus - Pixabay/Reprodução

Microrganismos estão por toda a parte e fazem parte da vida dos seres humanos. No entanto, alguns do tipo prejudicial, como as que desenvolvem resistência a desinfetantes e outros produtos de limpeza, foram encontradas em amostras de pele humana e também em ambientes comuns, como residências, escolas e shoppings, por pesquisadores da Universidade Xi'an Jiaotong-Liverpool, na China.

O estudo, publicado na revista científica Microbiome, encontrou um total de 363 cepas microbianas que não morrem ao entrarem em contato com álcool e sais de amônio quaternário, compostos presentes em produtos comumente usados para desinfetar superfícies. As amostras foram coletadas em superfícies internas de Hong Kong.

Segundo os pesquisadores, nenhum deles foram considerados patogênicos, isto é, causadores de doenças. No entanto, dentre elas, os cientistas acharam 11 cepas até então desconhecidas da bactéria Micrococcus luteus, responsável por criar infecções oportunistas em pessoas com sistema imunológico enfraquecido.

Além disso, outra cepa descoberta pela equipe, do gênero Pseudomonas, foi associada à resistência antimicrobiana (RAM), fenômeno no qual os microrganismos resistem e sobrevivem a medicamentos usados contra eles.

— A exposição prolongada a concentrações abaixo do ideal de desinfetantes pode impulsionar a evolução microbiana, levando alguns micróbios a desenvolver resistência e até mesmo usar desinfetantes como fonte de energia — aponta Xinzhao Tong, autora principal do estudo, em entrevista ao jornal Daily Mail.

De acordo com ele, o desenvolvimento dos microrganismos pode variar a depender do local. Outro ponto é que produtos de limpeza usados em ambientes hospitalares, por exemplo, tendem a ser mais fortes e aplicados com maior frequência do que os locais presentes na vida diária das pessoas.

— Como resultado, alguns micróbios podem se adaptar e desenvolver maior resistência a esses desinfetantes mais suaves, permitindo que sobrevivam ao longo do tempo. No entanto, evidências experimentais adicionais são necessárias para confirmar essa ideia — explica.

Esta pesquisa surge após o estudo recente, realizado por cientistas da Darwin Bioprospecting Excellence SL que encontrou microrganismos resistentes à radiação se reproduzindo dentro de micro-ondas.