MENSAGENS

Defesa de presa no caso de órgãos infectados diz que dono de laboratório alterava resultados

Jacqueline Iris Bacellar de Assis teve a prisão domiciliar negada nesta quinta-feira

O laboratório Patologia Clínica Dr. Saleme (PCS Labs) - Fernando Frazão/Agência Brasil

A defesa da funcionária Jacqueline Iris Bacellar de Assis, presa sob suspeita de participação no caso dos órgãos transplantados com HIV no Rio, levou à Justiça diversas trocas de mensagens entre a técnica e um dos donos do laboratório.

Em uma das conversas, Jacqueline envia um exame, e Walter Vieira responde dizendo que vai alterar um índice do paciente: “Vou [dar] uma aumentadinha no LDL, está muito baixo”, diz a mensagem.

O LDL (Lipoproteína de Baixa Densidade) é um aspecto do colesterol medido em exames de sangue, conhecido popularmente como o "colesterol ruim".

Para os advogados de Jacqueline, as trocas de mensagens "provam" que Vieira tinha o “hábito de modificar laudos”.

— O Dr. Walter e a empresa responsável pela tecnologia adulteravam as informações dos laudos e também as assinaturas, que seriam dos funcionários, mas que não tinham nenhuma autonomia para realizar essas funções. Era um hábito do Dr. Walter adulterar as informações dos laudos.

Mario Castro Alvarez Perez, professor do Departamento de Clínica Médica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, afirma que a diluição da amostra pode ter causado interferência nos resultados do laboratório. Segundo ele, o correto, na situação citada, seria refazer o exame.

— O grande problema dessa troca de mensagens é a insinuação de que o médico faria uma alteração no resultado do exame. Ele deveria retestar a amostra, verificar o resultado exato e emitir o laudo correto a partir do aparelho. Seria a atitude eticamente correta — explica.

Procurada, a defesa do PCS Lab Saleme informou que não teve acesso às imagens mencionadas e não comentará o caso.