Corte da Bolívia se recusa a julgar ex-presidente Áñez por 'golpe' contra Evo Morales
No entanto, Áñez continuará cumprindo pena de dez anos de prisão por atos relacionados com a violenta crise de 2019
Um tribunal de La Paz rejeitou, nesta quinta-feira (17), julgar a ex-presidente Jeanine Áñez por supostamente ter planejado um "golpe de Estado" contra Evo Morales em 2019, anunciou sua defesa, ao final da instalação da audiência sobre o caso.
"A ex-presidente foi afastada deste processo", declarou à imprensa o advogado Luis Guillén. No entanto, Áñez continuará cumprindo pena de dez anos de prisão por atos relacionados com a violenta crise de 2019, quando Morales foi forçado a renunciar após ser acusado pela oposição de ter cometido fraude nas eleições daquele ano.
"A liberdade [da ex-presidente] não foi restituída, portanto não podemos considerar isto uma vitória, mas um respeito [...] à proibição de duplo julgamento", acrescentou o advogado na saída do tribunal, ao qual a imprensa não teve acesso.
"Não foi golpe, sim foi fraude", exclamou Jeanine Áñez mais cedo, quando era transferida algemada e com colete à prova de balas de uma prisão em La Paz até o tribunal onde foram abertas as audiências do julgamento conhecido como "Golpe de Estado I".
Em 2022, a Justiça condenou a ex-governante de 57 anos por assumir a presidência de maneira inconstitucional. Agora, a promotoria pediu sua condenação por "terrorismo, associação criminosa e uso indevido de influências" no âmbito do suposto planejamento do golpe contra Morales.
Junto com ela foram apresentados perante o tribunal o ex-governador de Santa Cruz Luis Fernando Camacho e mais seis pessoas, incluídos ex-ministros, ex-comandantes militares e policiais e um líder social, que continuarão respondendo à Justiça, segundo os advogados.