ORIENTE MÉDIO

Veja o que se sabe da operação que matou o líder do Hamas, Yahya Sinwar

O assassinato, não confirmado pelo Hamas, é mais um duro golpe para o grupo terrorista palestino após mais de um ano de guerra na Faixa de Gaza

Yahya Sinwar - Mahmud Hams/AFP

Yahya Sinwar, líder político do Hamas, foi morto nessa quinta-feira (17) durante uma operação do Exército de Israel na Faixa de Gaza. Considerado o mentor do atentado de 7 de outubro de 2023, seu ataque deu início à guerra no enclave palestino, que recentemente se intensificou e se expandiu pela região do Oriente Médio. A morte, não confirmada pelo Hamas, é mais um duro golpe para o grupo terrorista palestino após mais de um ano de guerra na Faixa de Gaza.

A operação faz parte de uma campanha israelense para desarticular as principais lideranças responsáveis pelo ataque sem precedentes contra o Estado judeu no ano passado, quando mais de 1,2 mil pessoas foram mortas e cerca de 250 foram sequestradas. Em resposta, Israel lançou uma ostensiva campanha militar no enclave, deixando mais de 40 mil mortos, a maioria mulheres e crianças.

Do anúncio à confirmação de Israel
O ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, anunciou, na noite desta quinta-feira, que Sinwar havia sido "eliminado". Pouco antes de confirmar a morte do líder, o Exército israelense havia informado que "eliminou três terroristas" em operações em Gaza e realizava exames para verificar se Sinwar estava entre eles.

O comunicado não detalha onde e como foram mortos. "Não havia nenhum sinal de presença de reféns no prédio onde os terroristas foram eliminados", informou o exército, referindo-se às pessoas sequestradas no ataque de 7 de outubro de 2023.

Segundo a emissora de TV saudita al-Arabiya, a operação foi realizada na região de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. O site Ynet informou que dinheiro e documentos de identidade foram encontrados com os corpos.

Operação foi 'inesperada'
Os responsáveis pela morte de Sinwar foram militares de uma unidade de comandantes de esquadrão em treinamento, que o encontrou inesperadamente durante uma operação no sul de Gaza, de acordo com quatro oficiais de defesa israelenses, que falaram sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto. O próprio chefe do Estado-Maior do Exército israelense, o tenente-general Herzi Halevi, reconheceu que a operação não foi um ataque direcionado, mas inesperado.

Enquanto patrulhavam o sul de Gaza na quarta-feira, soldados israelenses se depararam com um grupo de combatentes do Hamas. Sem informações prévias sobre a presença de Sinwar e com apoio de drones, os militares entraram em confronto e mataram três militantes palestinos. Durante o combate, parte de um prédio foi derrubada. Ao revistarem o local, os soldados notaram que um dos corpos se assemelhava ao líder.

O que aconteceu com os corpos?
Fotos analisadas pelo jornal New York Times mostram que o corpo de Sinwar tinha vários ferimentos graves, incluindo na cabeça e um na perna. Outras imagens que circulavam nas redes mostravam também soldados israelenses ao redor de um corpo com um grande ferimento na cabeça, que estava deitado nos escombros, coberto de poeira e usando um relógio.

Apesar de ter as características do palestino, incluindo o formato dos dentes e algumas pintas próximas aos olhos, os ferimentos dificultavam a confirmação, destacou o Times.

A morte de Sinwar foi confirmada primeiro por meio da análise de seus registros dentários, segundo afirmou a polícia israelense citada pela BBC, comparadas com as impressões digitais. Um porta-voz da polícia citada pela rede CNN afirma que exames de DNA também confirmaram que o corpo era da liderança.

Israel tem os registros médicos de Sinwar devido ao tempo que passou preso no país. Sua primeira prisão foi em 1982, por "atividades islâmicas", sendo novamente detido em 1985. Em 1989, foi condenado à prisão perpétua por quatro homicídios.