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Curso do MEC relaciona Novo Ensino Médio a "políticas neoliberais" e "privatização dos itinerários"

Aula foi ministrada na semana passada para técnicos das secretarias e dos conselhos estaduais, e tinha como objetivo auxiliar na transição do modelo nas escolas

Alunos de ensino médio em escola de Brasília - Gabriel Jabur/Agência Brasil

Um curso promovido pelo Ministério da Educação (MEC) sobre a implementação do Novo Ensino Médio relacionou a reforma da fase à “privatização dos itinerários” e a “políticas neoliberais”.

A aula foi ministrada na semana passada para técnicos das secretarias e dos conselhos estaduais, e tinha como objetivo auxiliar na transição do modelo nas escolas, após a aprovação da lei que alterou, em julho, o ensino médio. A informação foi divulgada pelo Estadão.

Procurados, o MEC e a professora responsável pela aula, Ana Cláudia Rodrigues, da Universidade Federal da Paraíba, não se manifestaram sobre o caso até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

Ao Estadão, a pasta afirmou que o conteúdo exposto nos slides da aula não havia sido aprovado pelo governo federal e que a professora havia sido contratada para uma única disciplina e não fará mais parte do quadro de docentes do curso.

Na apresentação da aula, conforme divulgado pelo veículo, foi colocado o ex-presidente Michel Temer (MDB) em uma charge que sugere que ele “vendeu” a educação do país. O material diz ainda que a reforma “fere o direito da população e o direito de aprender”.
 

Os slides fazem também críticas de cunho ideológico contra as escolas em tempo integral, afirmando que elas têm “práticas educativas caracterizadas como neoliberais e neoconservadoras”. A política, no entanto, é uma das bases defendidas pelo ministro da Educação, Camilo Santana.

Reforma aprovada em julho
A Câmara aprovou em julho a reforma do Novo Ensino Médio, após nove meses da chegada do projeto original do Ministério da Educação ao Congresso. O texto prevê mais aulas de disciplinas tradicionais, como Matemática e Português. Mas a demora na aprovação pode atrasar a implementação das mudanças. Algumas devem se tornar realidade nas salas de aula somente em 2026.

A aula foi realizada dentro do Programa Gestão de Políticas Públicas e Qualidade Social do Ensino Médio, lançado no dia 23 de setembro pelo MEC. Conforme divulgado pela pasta, o projeto foi realizado em três dias seguidos, com ênfase na estruturação, implementação, monitoramento e avaliação de políticas voltadas ao Ensino Médio.

"O foco é ampliar, aprofundar e contribuir para a qualificação das capacidades dos sistemas educacionais estaduais, distrital e do próprio MEC para a formulação e execução de políticas e programas que promovam a melhoria contínua da qualidade social do ensino", informou a pasta dias antes do início das aulas.