empreendedorismo

Lula diz que mundo mudou e tem gente que "não quer ter carteira assinada, quer ter próprio negócio"

Presidente falou sobre o recém-lançado programa Acredita, de crédito para MEIs, e usuários do Bolso Família

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Lula reafirmou nesta sexta-feira, durante evento em São Paulo, que o mundo mudou desde ele fez parte do movimento sindicalista em fábricas e reconheceu que parte da população não tem mais o objetivo de ter carteira assinada, em um emprego formal, mas sim de montar o próprio negócio.

Lula falou a uma plateia de micro e pequenos empresários que participavam de uma palestra sobre o recém-lançado programa Acredita, que dá crédito para integrantes do Bolsa Família que queiram se tornar MEIs (Microempreendedores Individuais) e renegocia dívidas de pequenas empresas.

"Meu mundo é um mundo de fábrica, assim como o mundo do ministro Marinho (Luiz, do Trabalho). Liguei para ele e disse que é importante a gente saber que tem uma parte da sociedade que não quer ter carteira assinada, quer ter o próprio negócio. É preciso que a gente aprenda que mundo mudou, o mundo dos negócios no Brasil mudou", afirmou o presidente em São Paulo.

Conforme o Globo mostrou em reportagem, após o baque da candidatura de Pablo Marçal (PRTB) nas eleições municipais de São Paulo, a esquerda e a centro-direita começaram a se movimentar para aderir a um discurso que até então permanecia escanteado: o apoio a pequenos empresários e microempreendedores, de classe média baixa e da periferia. Esse perfil de eleitorado vem sendo atraído pelo discurso do “faça você mesmo” e promessas de prosperidade individual, dominado hoje pela extrema-direita.

Esse novo discurso vem sendo adotado pelo candidato de Lula à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), que tem feito novas promessas para o segmento de eleitores que querem empreender.

O programa Acredita teve início em abril deste ano, com a medida provisória publicada por Lula. A MP, no entanto, se tornou um projeto de lei no Congresso Nacional, foi aprovado em setembro pelo Senado, e sancionado pelo presidente lula no dia 10 de outubro.

O evento desta sexta-feira foi em feira com empreendedores em São Paulo. O encontro coincide com a campanha eleitoral do candidato Guilherme Boulos (PSOL), apoiado por Lula, que quer atingir esse eleitorado. Boulos, porém, não participou.

O programa de microcrédito tem como público-alvo inscritos no CadÚnico, trabalhadores informais, e pequenos produtores rurais que acessam o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O governo reservou R$ 500 milhões em recursos como garantia para os financiamentos. Esse valor veio do Fundo Garantidor de Operações (FGO) do Desenrola, que é o programa para pessoas físicas endividadas lançado no ano passado.

Para quem está no CadÚnico, o empréstimo ocorrerá mediante a formalização do empreendedor como MEI. Para isso, não será necessário deixar o Bolsa Família imediatamente.

A mesma lei do Acredita institui o "Desenrola Pequeno Negócio", renegociação de dívidas para público que inclui MEIs, microempresas e as pequenas empresas com faturamento bruto anual de até R$ 4,8 milhões e que estejam inadimplentes (com dívidas bancárias).

Já o Procred360, outra linha do programa, prevê o estímulo ao crédito para MEIs e microempresas com faturamento de até R$ 360 mil ao ano. A taxa de juros é composta por Selic + 5% ao ano. Estabelece uma reserva do FGO com garantia maior voltada especificamente para empréstimos para esses grupos.