EUA

Hotel de Donald Trump cobrou do Serviço Secreto americano quatro vezes mais durante mandato

Hospedagem do filho do ex-presidente Eric Trump, por exemplo, custou 895 dólares, enquanto outras acomodações cobravam apenas 150 dólares

Registros que embasaram o levantamento dos democratas foram obtidos da antiga empresa de contabilidade de Trump - Reprodução

O hotel do ex-presidente e atual candidato ao governo dos Estados Unidos, Donald Trump, em Washington cobrou do Serviço Secreto americano quatro vezes mais — ou percentuais até maiores — do que as taxas governamentais padrão em diversas ocasiões, por vezes cobrando mais até do que o valor de outros clientes, como de uma empresa chinesa ou de membros de uma família real estrangeira.

Segundo o jornal The Washington Post, a informação consta no mais novo relatório produzido por parlamentares democratas do Comitê de Supervisão da Câmara.

De acordo com a publicação, o relatório se baseia nos registros de quartos do Trump International Hotel de setembro de 2017 e agosto de 2018 e apontam que Trump violou cláusulas de emolumentos nacionais e estrangeiros da Constituição, criados para impedir que o presidente e outras autoridades federais enriquecessem às custas dos contribuintes.

O relatório dos democratas também cita várias ocasiões nas quais o Trump International Hotel cobrou do Serviço Secreto taxas que não estavam apenas acima da taxa diária cobrada normalmente ao governo, mas, também, acima das taxas cobradas de clientes em geral.

Os registros que embasaram o levantamento dos democratas foram obtidos da antiga empresa de contabilidade de Trump, a Mazars USA, "juntamente com isenções especiais correspondentes autorizando o Serviço Secreto a fazer pagamentos acima das taxas normais do governo", segundo o Washington Post.

Um exemplo citado na publicação é o de uma estadia de Eric Trump, filho do ex-presidente, em 22 de fevereiro de 2018, quando, para o uso de dois quartos, foi cobrado o valor de 895 dólares, 450% a mais do que a taxa do governo. Naquela mesma noite, mais de 100 quartos (dos 263 daquele hotel) haviam sido alugados por taxas inferiores, incluindo um cuja cobrança foi de apenas 150 dólares.

Em outro exemplo, naquela mesma noite, quartos alugados para familiares de Abdelaziz bin Khalifa Al-Thani, tio do emir catari, custaram menos do que as locações ligadas ao governo: 280 dólares por três quartos e 490 por outro.

Em outra visita de Eric Trump ao hotel, em 27 de fevereiro de 2018, a agência pagou por um quarto US$ 595, valor muito acima da taxa noturna estabelecida pelo governo para um hotel em DC — que geralmente fica entre US$ 195 a US$ 240, variando de mês para mês. Na mesma noite, dois quartos custaram menos de US$ 595 para familiares de Al Thani.