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Reprodução assistida cresce com carreira feminina e LGTB+, atrai fundos e já mira B3

LGBT+ - SatyaPrem/Pixabay

A reprodução assistida está ganhando protagonismo no mercado de fusões e aquisições (M&A) acompanhando o crescimento no número de mulheres que optam por ter filhos mais tarde para privilegiar a carreira, das que preferem não ter um parceiro fixo e da população homoafetiva.

A XP, por meio de seu braço de investimento em private equity, e a Hundington, uma rede de clínicas que pertence espanhol Eugin Group, investida do fundo de private equity (de participação em empresas) GED desde o final de 2023, lideram o movimento de consolidação no Brasil.

O fundo da XP II já investiu R$ 200 milhões na aquisição de seis clínicas que estão sob o guarda-chuva da Fertigroup, uma holding "Quando olhamos para todas as estatísticas sobre fertilização falamos, 'opa, tem uma tese nova e diferenciada aqui'", disse sócio e head de Private Equity da XP Asset, Chu Kong.

A Fertigroup foi criada como plataforma julho do ano passado e a proposta é que além do congelamento e da fertilização, tenha um braço educacional, de benefício corporativo e um terceiro de financiamento. 

Com seis clínicas, a Fertigroup tem atualmente 10% de participação de mercado, de acordo com Chu, e deve ultrapassar os 14% com as duas aquisições previstas para este ano.

Em cinco anos, a Fertigroup pretende elevar em cinco vezes o número de ciclos de fertilização já feita, que está em torno de 7 mil ao ano agora. Em cinco anos a ideia é também levar a plataforma para a bolsa, de acordo com Chu.

No processo de consolidação, a cultura e a identidade das clínicas são mantidas e a integração acontece na captura de sinergias em custos e integração técnica e médica, acrescenta o CEO da Fertigroup, Nelson Pestana.

"A discussão sempre é liderada pelos profissionais médicos e a partir disso trabalhamos os temas de escala e sinergia, como consequência", afirma Pestana.

"Existem dificuldades de acesso à reprodução humana que não são só financeiras, mas de informação, entre mulheres que já poderiam estar congelando óvulos", diz o CEO do Grupo Huntington Medicina Reprodutiva, Fabio Iwai. O Grupo Huntington tem 29 anos e possui nove unidades de atendimento, seis laboratórios localizados em seis cidades.


 

A Huntington não revela investimentos ou qualquer número relacionado à operação. Mas Iwai diz que a Hundington tem três de suas clinicas completas no Estado de São Paulo, que representa 40% e 50% do mercado brasileiro. Ele cita ainda que a entrada do fundo GED na gestão de sua controladora, a Eugin, potencialmente abre mais espaço para consolidação, à medida que o Brasil passa a ser um dos principais países entre os nove que a Eugin já opera.

Potencial
Embora o primeiro bebê de "proveta" já tenha mais de 50 anos, a reprodução assistida é um campo da medicina ainda novo.

Mundialmente, o congelamento de óvulos deixou de ser uma técnica médica experimental somente a partir dos anos 2000 e no Brasil foi após 2013 que começaram a surgir clínicas maiores de fertilização.

No Brasil existem cerca de 200 clínicas de congelamento de óvulos e de fertilização e, aproximadamente, 60 mil tratamentos são realizados ao ano. Os números são relativamente pequenos frente a outros países como Estados Unidos e Espanha, onde o número de procedimentos feitos é, respectivamente, cinco e dez vezes maiores.

Os dados ganham relevância maior se confrontados com o ritmo exponencial de queda da fertilidade feminina após os 32 anos, considerado o ápice, e com as estatísticas relacionadas ao número de mulheres que não conseguem engravidar.

Segundo a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, a probabilidade de gravidez para uma mulher de 25 anos é de 25% a 30% a cada mês. Essa taxa cai quase pela metade a partir dos 35 anos e menos de 5% a partir de 40 anos.