Após morte de Sinwar, líder supremo do Irã diz que 'Hamas está vivo e continuará vivo'
Casa do premier israelense foi alvo de drone, mas Netanyahu não estava no local ou nas proximidades no momento do ataque
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse em comunicado neste sábado que o "Hamas está vivo e continuará vivo", três dias após a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, na Faixa de Gaza na última quarta-feira.
“A sua perda é sem dúvida dolorosa para o Eixo da Resistência, mas esta frente não cessou de avançar com o martírio de figuras proeminentes”, disse Khamenei num comunicado.
A influência iraniana foi reforçada nos últimos anos por meio de uma rede de aliados em vários países vizinhos, no chamado “Eixo da Resistência”.
Marcadamente antiamericano e anti- Israel, o grupo é originalmente composto pelo Irã, Síria e o Hezbollah, no Líbano. Mais recentemente também passou a incluir a milícia xiita Forças de Mobilização Popular no Iraque, Afeganistão e Paquistão; o Movimento Houthi no Iêmen; e grupos militantes nos territórios palestinos.
Embora o denominador comum destes grupos seja o fato de serem xiitas, tal como a maioria da população do Irã, o eixo também inclui um grupo sunita: o Hamas, que governa a Faixa de Gaza e desde o dia 7 de outubro trava uma sangrenta batalha contra Israel.
Neste sábado, o Exército israelense confirmou que drone lançado do Líbano em direção ao território israelense tinha como alvo a casa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O líder israelense, no entanto, não estava em casa ou nas proximidades no momento do ataque, e ninguém ficou ferido.
Três drones entraram no espaço aéreo israelense pela manhã, informaram as Forças Armadas de Israel — dois deles teriam sido abatidos. A casa de praia do primeiro-ministro, na cidade costeira turística de Cesareia, foi um dos alvos. Mas o gabinete de Netanyahu confirmou que o premier e sua esposa não estavam no local ou nas proximidades durante o ataque e não houve feridos.
Durante toda a manhã, sirenes soaram em Israel enquanto combatentes do Hezbollah lançavam projéteis de vários locais. O Exército israelense confirmou que pelo menos 180 projéteis foram disparados do Líbano. Um homem na cidade portuária de Acre, no norte de Israel, morreu após ser atingido por estilhaços e outras nove pessoas ficaram feridas na cidade de Kiryat Ata, em Haifa, no norte. O grupo, apoiado pelo Irã, confirmou ter disparado uma grande salva de foguetes contra uma base militar na região.
No final do mês passado, Israel intensificou drasticamente seus ataques aéreos no Líbano e enviou forças terrestres após quase um ano de trocas transfronteiriças. Em Gaza, os combates ocorreram após a morte, na quarta-feira, do líder do Hamas Yahya Sinwar, acusado de planejar o ataque de 7 de outubro contra Israel, o que gerou esperanças de um fim à guerra e da libertação dos reféns israelenses.
Na sexta-feira, o representante do Hamas no Catar, Khalil al-Hayya, reiterou a posição do grupo palestino de que nenhum refém seria libertado "a menos que a agressão contra nosso povo em Gaza pare".
O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, cujo país também é um importante apoiador do Hamas, disse que o grupo "não terminará com o martírio de Sinwar". Com os combates ocorrendo em Gaza, o porta-voz da agência de defesa civil, Mahmud Bassal, anunciou "33 mortes e dezenas de feridos" em um ataque israelense em Jabalia durante a noite de sexta-feira. O Exército israelense disse que estava "investigando o caso".
No início deste sábado, três casas no campo de refugiados de Jabalia foram atacadas. Testemunhas disseram à agência AFP que houve muitos tiros e bombardeios de artilharia na direção do campo. Moradores também relataram bombardeios israelenses no campo de Al-Bureij, no centro de Gaza.
— Sempre pensamos que quando esse momento chegasse, a guerra terminaria e nossas vidas voltariam ao normal — disse Jemaa Abu Mendi, de 21 anos, de Gaza, referindo-se à morte de Sinwar no extremo sul do território. — Mas infelizmente, a realidade no terreno é bem o oposto. A guerra não parou, e as mortes continuam.
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Guerra regional
Há ainda uma preocupação crescente em relação ao número de mortos no Líbano, onde desde o início da guerra em Gaza mais de 1.400 pessoas morreram. Neste sábado, o Ministério da Saúde libanês disse que duas pessoas foram mortas em um ataque israelense em uma rodovia vital ao norte de Beirute.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, disse que a "possibilidade de guerra na região é sempre séria".
— Queremos reduzir as tensões, mas estamos prontos para qualquer cenário.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Josep Borrell, disse neste sábado que a missão de manutenção da paz da ONU no Líbano, a Unifil, "precisa ser revista" e possivelmente fortalecida.
— Eles não podem agir por si mesmos, é certamente um papel limitado. Poderia ser considerado expandir seu papel, mas isso requer uma decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas — disse Borrell, à margem de uma cúpula de defesa do G7.