GREVE

Boeing e trabalhadores chegam a acordo de princípio para encerrar greve

Boeing oferece um aumento salarial de 35% em quatro anos, anteriormente, a empresa havia proposto um aumento entre 25% e 30%, enquanto o sindicato pedia uma valorização de 40%

Boeing: cerca de 33 mil funcionários em suas fábricas na área de Seattle estão em greve há um mês - Justin Tallis/AFP

A Boeing e seus trabalhadores em greve alcançaram um acordo de princípio, anunciou neste sábado (19) o sindicato IAM-District 751, que os representa, mais de um mês após o início da paralisação.

"Recebemos uma proposta negociada (...) digna de sua consideração", publicou na rede social X o sindicato, que representa cerca de 33.000 trabalhadores em greve, indicando que a proposta será submetida a votação na quarta-feira, 23 de outubro.

Neste novo acordo, a Boeing oferece um aumento salarial de 35% em quatro anos.

Anteriormente, a empresa havia proposto um aumento entre 25% e 30%, enquanto o sindicato pedia uma valorização de 40%.

"Estamos ansiosos pelo voto de nossos funcionários sobre esta proposta negociada", respondeu neste sábado a fabricante de aviões à AFP.

A greve paralisou as duas principais fábricas do grupo desde 13 de setembro: a de Renton, que produz o 737, seu avião mais vendido, e a de Everett, que fabrica o 777, o 767 e várias aeronaves militares.

Os trabalhadores também pressionavam para que fosse restabelecido um plano de aposentadorias tradicionalmente pago pelo empregador, que a Boeing retirou em 2014, mas não obtiveram sucesso.

Esses planos foram durante décadas uma base no mercado de trabalho nos Estados Unidos, mas agora são raros, uma vez que a responsabilidade de se preparar para a velhice passou do empregador para o empregado.

Apesar das negociações, que começaram em maio e estão sendo conduzidas por mediadores federais desde setembro, seguem existindo profundas diferenças entre o sindicato de maquinistas da IAM na região de Seattle e a direção da Boeing sobre o próximo acordo coletivo.

Medidas e consequências 
Nas últimas semanas, a fabricante anunciou diversas medidas para preservar e, em seguida, reabastecer seu fluxo de caixa, o que resultará em uma redução de cerca de 10% de sua força de trabalho total nos próximos meses.

O grupo empregava, no final de 2023, mais de 170.000 pessoas em todo o mundo.

Entre os 17.000 postos de trabalho que serão fechados estão executivos, gerentes e operários, segundo a diretora executiva Kelly Ortberg, que afirmou que a companhia deve "alinhar sua força de trabalho com sua realidade financeira".

Segundo uma estimativa divulgada na sexta-feira pelo Anderson Economic Group (AEG), as cinco semanas de greve custaram um total de 7,6 bilhões de dólares (R$ 43 bilhões) em perdas diretas, incluindo pelo menos 4,35 bilhões de dólares (R$ 24,7 bilhões) à Boeing e 1,77 bilhões de dólares (R$ 10 bilhões) para seus fornecedores.

A Boeing também afirma que outra consequência da greve foi a postergação da entrega de seus primeiros aviões 777X, de 2025 para 2026.

Um grave incidente em um avião da Alaska Airlines em janeiro passado levou a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos a reforçar a supervisão dos processos de produção da fabricante de aeronaves.