Caso Anic: polícia fará reprodução simulada da morte de advogada; corpo foi encontrado concretado
Nesta segunda-feira, policiais fizeram uma nova escavação e encontraram um lençol utilizado para enrolar o cadáver
A Polícia Civil vai fazer a reprodução simulada da morte da advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos. A previsão é a de que a simulação ocorra na próxima quarta-feira.
Anic foi vista com vida pela última vez ao sair a pé de um shopping, em Petrópolis, na Região Serrana, no fim da manhã do dia 29 de fevereiro de 2024. No dia 25 de setembro último, o corpo da vítima foi encontrado concretado e sepultado em pé, na sapata da garagem de uma casa, em Teresópolis, onde morava o técnico de informática Lourival Correa Netto Fatica.
A localização do corpo ocorreu horas após Lourival confessar o crime e indicar a localização do cadáver, em depoimento prestado na 2ª Vara Criminal de Petrópolis. A reprodução simulada deverá contar com a participação de Lourival.
Segundo a advogada Flávia Froés, que defende o técnico de informática, a simulação é importante para saber a data da morte de Anic.
— É importante saber a data da morte de Anic e a forma que ela ocorreu, já que a imputação de sequestro seguido de morte depende desta contestação. Se ela morreu antes do pedido de resgate ocorrer, a tipificação é outra— disse a advogada.
Segundo depoimento de Lourival, a vítima foi morta no interior de um motel, em Itaipava, no município de Petrópolis. O crime teria acontecido pouco depois de uma hora após o casal chegar ao local, num carro dirigido pelo suspeito. A advogada foi assassinada por asfixia mecânica e teria tido o cadáver enrolado em um lençol. Em seguida, o corpo foi transportado no mesmo automóvel para a casa do suspeito.
Nesta segunda-feira, a delegada Cristiana Onorato, responsável pela investigação do caso, cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa onde o corpo da estudante de Psicologia foi concretado e sepultado em pé.
Próximo à sapata de concreto de um muro da garagem, os policiais fizeram uma escavação e encontram um lençol. A manta pode ter sido a mesma usada para enrolar o cadáver, como alega o suspeito em seu depoimento.
Segundo um relatório de investigação da 105ªDP (Petrópolis), uma testemunha contou que Lourival e Anic mantinham um relacionamento. No dia 29 de fevereiro de 2024, ela deixou um carro na garagem de um shopping de Petrópolis, e saiu a pé do local.
Um levantamento feito a partir de antenas de telefonia mostrou que Lourival estava passando pelo mesmo trecho que a vítima. E que, em seguida, ela teria entrado no veículo dirigido pelo suspeito.
Mais de oito horas após Anic ter sido vista pela última vez, o professor e empresário Benjamim Cordeiro Herdy, de 78, com quem Anic era casada, recebeu uma mensagem em seu telefone.
No texto, uma pessoa dizia estar com a advogada em seu poder e exigia R$ 4,6 milhões para libertar a vítima. O resgate foi entregue no dia 11 de março, mas a estudante de Psicologia jamais retornou para casa.
No dia 14 de março, a família de Anic registrou o caso na 105ªDP. Dias depois, Lourival foi preso. Além dele também está presa Rebecca Azevedo dos Santos. Ex-namorada do técnico de informática, ela é acusada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de ter contribuído para o técnico de informática executar o crime.
Já os irmãos Maria Luiza Vieira Fadiga e Henrique Vieira Fadiga, filhos do técnico de informática, chegaram ser presos pela mesma acusação. Os dois, no entanto, após a confissão de Lourival, ganharam o direito de responder em liberdade.
A defesa de Lourival concedeu entrevista coletiva, no dia 24 de setembro, e afirmou que o técnico de informática escreveu uma carta alegando que o mandante do crime seria Benjamim Cordeiro Herdy.
Procurados na ocasião, os advogados de Benjamim e Anic enviaram uma nota classificando a atitude de tentar imputar o marido como mandante da morte da própria esposa como um ato de desespero e crueldade. O documento também dizia que Lourival e seus procuradores seriam demandados na esfera cível criminal e disciplinar por conta do ocorrido
Já o Ministério Público do Rio de Janeiro disse que iria apurar as informações prestadas pela defesa do técnico de informática.