Operação policial

Polícia prende praça do exército e suspeito de assassinato de punk em ação contra neonazistas

Grupo é investigado por suposta promoção de discursos de ódio, antissemitismo, apologia ao nazismo e planejamento de atos violentos

Integrantes do grupo se identificam como skinheads neonazistas - Freepik

O Ministério Público de Santa Catarina abriu na manhã desta segunda-feira, 21, a Operação Overlord contra um grupo investigado por suposta promoção de discursos de ódio, antissemitismo, apologia ao nazismo e planejamento de atos violentos em diferentes regiões do país.

Os integrantes do grupo se identificam como skinheads neonazistas, usando como símbolo um emblema associado ao ocultismo nazista e à supremacia ariana, com um fuzil AK-47 ao centro.

Segundo a Promotoria, os investigados tinham uma banda que se apresentava em eventos neonazistas, com a exibição de bandeiras com suásticas e discursos de ódio que "atraíam um número crescente de seguidores". Alguns dos eventos chegaram a reunir mais de 30 pessoas, indicou o órgão.
 


Entre os alvos principais da operação está um homem suspeito de envolvimento no assassinato de um jovem do movimento punk em 2011. O crime teria sido praticado em razão da ideologia do investigado. Segundo a Promotoria, isso ‘evidencia o alto grau de violência fomentado pelos investigados’ Ele foi preso.

Também foi alvo de mandado de prisão um praça do Exército investigado por supostamente ‘participar ativamente de encontros neonazistas’.

Nível de risco
O Ministério Público destaca que o conhecimento avançado do militar em táticas de combate e armas de fogo ‘aumenta significativamente o nível de risco associado à sua participação no grupo’.

Agentes foram às ruas para prender quatro investigados e vasculhar oito endereços em cinco Estados - Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Sergipe e Rio Grande do Sul. As ordens foram expedidas pela 2ª Vara da Comarca de Urussanga.

A Operação conta com apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública e da Agência de Investigação Interna (Homeland Security Investigations - HSI) da Embaixada dos EUA.

Autodenominação e símbolo
Os promotores informaram que os investigados se autodenominam skinheads neonazistas e adotam como símbolo o Sol Negro - um emblema associado ao ocultismo nazista e à supremacia ariana - com a imagem de um fuzil AK-47 ao centro.

"Esse símbolo representa, na visão dos investigados, tanto a supremacia branca quanto a glorificação da violência, indicando a disposição do grupo para o uso da força em sua imposição ideológica", diz a Promotoria.

O grupo fazia uma cerimônia de ‘batismo’ para novos membros, dizem os investigadores. O ritual teria como objetivo ‘fortalecer os laços internos e reafirmar a adesão à ideologia extremista, sendo considerado crucial para a coesão e expansão do grupo’.

Batismo da operação
O nome da operação, Overlord, faz referência ao codinome da ofensiva aliada na Normandia durante a Segunda Guerra Mundial, considerado um marco decisivo na batalha contra o nazismo, em 1944. Aquela ação entrou para a História como o Dia D.

"Assim como essa histórica operação foi um esforço coordenado para libertar nações oprimidas, a Operação Overlord simboliza a determinação do MP e das forças policiais em combater e desmantelar grupos neonazistas e antissemitas, reafirmando o compromisso com a justiça e a proteção dos valores democráticos em nossa sociedade", indicou a Promotoria.