Funcionários de consultoria nos EUA fazem vários cursos on-line ao mesmo tempo e são demitidos
Aulas diferentes de treinamentos corporativos foram assistidas simultaneamente. Empregados alegam que empresa incentiva "cultura multitarefa"
A firma de contabilidade e consultoria britânica EY demitiu dezenas de funcionários nos Estados Unidos depois de descobrir que eles tinham haviam participado de mais de uma aula de treinamento on-line ao mesmo tempo durante a “Semana de Aprendizagem EY Ignite”, realizada em maio, revelou o jornal Financial Times.
De acordo com reportagem, as demissões ocorreram na semana passada, após uma investigação interna. A descoberta do que a empresa classificou de "trapaça" gerou um debate interno sobre ética nos negócios e os limites da multitarefa.
Vários dos demitidos alegaram que não sabiam estar violando a política da empresa e que o objetivo era aproveitar as sessões dos cursos mais interessantes e acumular os créditos mais rapidamente.
Três monitores ao mesmo tempo
As sessões, que variavam de temas como “Quão forte é a sua marca digital no mercado?” a “Conversando com IA, um comando por vez”, contavam para os 40 créditos de educação profissional continuada que a EY exigia que os funcionários concluíssem em um ano.
Outros enfatizaram que assistiam mais de uma aula simultaneamente porque a EY "cultiva uma cultura de multitarefa". Alguns funcionários trabalham com três monitores ou são obrigados a registrar 45 horas semanais e fazer horas extras , disse o jornal.
A empresa, no entanto, determinou que assistir a duas sessões ao mesmo tempo representava uma violação ética.
“Nossos valores fundamentais de integridade e ética estão à frente de tudo o que fazemos. Medidas disciplinares apropriadas foram recentemente tomadas em um pequeno número de casos onde indivíduos foram encontrados em violação do nosso código de conduta global e da política de aprendizado dos EUA", disse a EY ao Financial Times.
Em 2022, multa recorde por falhas em treinamento
O jornal britânico acrescenta que a questão é particularmente delicada na EY, que em 2022 pagou a maior multa já registrada por tais falhas — US$ 100 milhões (R$ 566,6 milhões ou € 92 milhões) à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) — após centenas de funcionários de contabilidade compartilharem respostas em testes profissionais, incluindo exames de ética, e líderes da empresa omitirem esses detalhes dos reguladores.