Panamá será "aliado" dos EUA "vença quem vencer" as eleições, diz presidente
O presidente de direita deseja "ter a melhor relação e comunicação" com o sucessor do democrata Joe Biden a partir de janeiro
O presidente panamenho, José Raúl Mulino, assegurou, nesta terça-feira (22), que seu país será um "aliado" dos Estados Unidos "vença quem vencer" a acirrada eleição presidencial americana em 5 de novembro, disputada entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump.
"O Panamá será sempre um país aliado, parceiro importante dos Estados Unidos, principal usuário do Canal do Panamá", disse Mulino durante um encontro em Paris com três veículos de imprensa, entre eles a AFP, no âmbito de uma viagem oficial à França.
O presidente de direita, no poder desde 1º de julho para um mandato de cinco anos, deseja "ter a melhor relação e comunicação" com o sucessor do democrata Joe Biden na Casa Branca a partir de janeiro.
"Temos muitas razões para trabalharmos juntos, vença quem vencer", acrescentou Mulino, citando, entre outros temas, o combate ao narcotráfico e a rota migratória entre a América do Sul e os Estados Unidos, que "preocupa muito" seu principal parceiro comercial.
A selva de Darién, na fronteira entre o Panamá e a Colômbia, se tornou um corredor para migrantes que, vindos da América do Sul, tentam chegar aos Estados Unidos, e nela enfrentam perigos como animais selvagens, rios caudalosos e gangues de criminosos.
Em 2023, mais de meio milhão de pessoas atravessaram a selva panamenha. Este ano pelo menos 260.000 pessoas passaram pelo local, em sua maioria venezuelanos.
"O Panamá é a outra fronteira dos Estados Unidos. Não é o Texas somente, é o Panamá, na região de Lajas Blancas del Darién. Esse é um problema para os Estados Unidos. Essa gente não fica no Panamá, essa gente quer chegar nos Estados Unidos", garantiu Mulino.
Desde que o atual presidente assumiu o poder, o Panamá deportou migrantes colombianos, equatorianos e indianos em voos financiados pelos Estados Unidos, sob o guarda-chuva de um acordo bilateral.
"Chegamos a 20 voos de repatriação em três meses, tentando desincentivar as pessoas de usarem essa rota", explicou o mandatário, que está "em conversas" com a China para repatriar os migrantes chineses, que já somam mais de 12.000 em 2024.
No entanto, as autoridades panamenhas deixam os migrantes venezuelanos seguirem para os Estados Unidos, devido à complexa situação política em seu país, e Mulino teme um "agravamento" após a reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela.