Picchetti: ter começado ciclo de juros gradualmente permitirá avaliar orçamento total e ritmo
Segundo o diretor, não há sinais de que essa desaceleração na atividade vai virar uma recessão
O diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central (BC), Paulo Picchetti, reforçou nesta quarta-feira, 23, que, em razão da dificuldade de estimar variáveis, a instituição vai seguir monitorando a evolução do cenário, sem antecipar os próximos passos da política monetária ou o tamanho do ciclo de alta dos juros.
Segundo o diretor do BC, a decisão, motivada por incertezas, de abrir o ciclo de forma gradual, com aumento mínimo dos juros, permitirá que a instituição, à medida que o cenário ficar mais claro, avalie o orçamento total e o ritmo de alta da Selic.
Durante evento com investidores promovido pela XP Investimentos em paralelo às reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, Picchetti disse que os desenvolvimentos da política fiscal - motivo, conforme avaliou, de parte da desancoragem das expectativas de inflação - serão considerados na definição do ritmo, duração e ciclo total da elevação dos juros.
"Estamos cuidadosamente observando os desenvolvimentos da política fiscal", disse o diretor.
Ele apontou, no entanto, uma tendência de a política fiscal ser menos expansionista, ao mesmo tempo em que o BC sobe os juros, o que leva a uma perspectiva de desaceleração econômica, conforme já indicam, na margem, alguns dados econômicos.
Segundo Picchetti, não há sinais de que essa desaceleração na atividade vai virar uma recessão, porém os impactos nos preços não são claros
Ainda que tenha reiterado a visão de que a economia cresce acima do potencial, o chamado hiato positivo, o diretor de assuntos internacionais do BC adiantou que, se for necessário, a instituição poderá revisar as estimativas sobre PIB potencial e juro neutro.
Ele pontuou que um dos papéis da política monetária é compensar o aumento dos prêmios, que são significativos, conforme avaliou, nas expectativas de mercado consideradas nas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom).
Picchetti notou ainda que parece haver uma inércia dos números recentes de inflação nas expectativas do mercado.