Botafogo x Peñarol: dono de quiosque calcula prejuízo de R$ 80 mil
Com paus e pedras, suspeitos levaram o terror para a orla do bairro da Zona Oeste
A confusão desta quarta-feira (23) envolvendo torcedores do Peñarol, time uruguaio que está no Rio para jogar a semifinal da Libertadores contra o Botafogo, terminou com 250 pessoas detidas na orla do Recreio.
Um dos donos do quiosque mais afetado pelos vândalos, Edilson Gonçalves soube pelo irmão que o estabelecimento havia sido depredado e saqueado durante a briga. O empresário calcula que o prejuízo tenha sido de R$ 80 mil. Com a chegada da polícia ao local, 250 pessoas foram detidas e encaminhadas para a Cidade da Polícia.
— A gente rala de domingo a domingo para ver isso acontecer. Está tudo destruído. Levaram 22 caixas de cerveja e o dinheiro do movimento de ontem e hoje. É muito triste, não tenho nem material para trabalhar agora — conta Edilson, revoltado. — Agora vamos tentar recomeçar. Nunca tinha visto isso na minha vida, pareceu uma cena de filme.
O dono do quiosque afirma ainda que a operadora Orla Rio prometeu ajudá-lo na retomada dos trabalhos. O local é o único que funciona 24h e, por isso, os torcedores uruguaios estavam concentrados no estabelecimento desde o início da manhã.
Proprietários de quiosques vizinhos também contabilizam os prejuízos. Um deles, que pede para não se identificar, conta que o estabelecimento estava fechado. Mas que teve a porta arrombada: foram roubaram produtos e um celular.
Uma testemunha que almoçava em um restaurante na Avenida Lúcio Costa contou que, antes do Batalhão de Choque chegar, cerca de 60 torcedores do Peñarol armados com paus e pedras depredaram veículos que passavam pelo local e os que estavam estacionados também.
Até bicicletas foram roubadas. Com medo, o gerente do estabelecimento fechou as portas e todos os clientes permaneceram por cerca de duas horas no local até conseguirem sair.
— Foi assustador. Quem estivesse na frente deles era agredido. Uma cena terrível — contou a mulher, que pediu para não ser identificada.
Acusação de racismo e assédio
Testemunhas afirmam que suspeitos uruguaios teriam ainda assediado e xingado com ofensas racistas um grupo de banhistas que estava na praia. Amanda Bastos, de 18 anos, conta que estava na praia com amigos quando começou a ser assediada, inclusive com uruguaios puxando seu biquíni.
— Eles quase me deixaram pelada. Eu saí puxando meu biquíni — conta ela.
Seu amigo, Igor Camargo, de 28 anos, saiu em defesa de Amanda. Ele conta também ter sido alvo do grupo, que teria proferido ofensas racistas.
— Eles começaram a falar do meu cabelo, da minha cor de pele, que eu era macaco, que eu fedia, que meu cabelo era sujo e tudo mais — diz ele.
Um princípio de confusão então teria começado. Barraqueiros e ambulantes saíram em defesa do grupo para ajudá-los. Neste momento, as agressões verbais se tornaram físicas e terminaram na confusão que fechou a Avenida Lúcio Costa, de acordo com as testemunhas.