LUTO

Ministério da Cultura divulga nota de pesar pela morte de Antonio Cicero

MinC destacou 'legado imensurável de versos, reflexões e melodias que atravessaram gerações' deixado pelo imortal da ABL

Antonio Cicero passou por procedimento de morte assistida na Suíça - Chico Cerchiaro/Companhia das Letras

O Ministério da Cultura (MinC) divulgou nota de pesar pela morte do poeta, filósofo e compositor Antonio Cicero.

O imortal da Academia Brasileira de Letras optou pelo suicídio assistido na Suíça, onde estava desde a semana passada, acompanhado pelo marido, Marcelo Pires. Cícero tinha 79 anos, fora diagnosticado com Alzheimer e deixou uma carta de despedida para os amigos.

"Minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer. Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem”, escreveu Cícero, acrescentando que não se esquecera dos “amigos mais íntimos”.

Na nota, o ministério destaca que Cicero "deixou um legado imensurável de versos, reflexões e melodias que atravessaram gerações, consagrando-o como uma das mentes mais brilhantes da literatura e música nacional".

Num comunicado recebido pela coluna de Lauro Jardim, Pires disse que o marido já havia algum tempo planejava morrer por eutanásia, mas preferiu que ninguém ficasse sabendo. Antes de viajar para a Suíça, Cícero se despediu de Paris.

Sua última aparição pública, no Rio, foi em 30 de setembro, no lançamento de um livro do crítico literário Silviano Santiago numa livraria em Ipanema. Cícero foi cremado e, nesta quinta-feira (24), Pires desembarca no Brasil com suas cinzas.

Leia abaixo a nota completa do Minc:

“Nota de pesar: Antonio Cicero

Memorável poeta e letrista da cultura brasileira, escritor ocupava a 27ª cadeira da Academia Brasileira de Letras (ABL)

O Ministério da Cultura (MinC) recebeu com pesar a notícia da morte do poeta, letrista e escritor Antonio Cicero, nesta quarta-feira (23), aos 79 anos, na Suíça. Antonio Cícero marcou a cultura brasileira e foi eternizado na 27 ª cadeira da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Figura fundamental da cultura brasileira, Cicero deixou um legado imensurável de versos, reflexões e melodias que atravessaram gerações, consagrando-o como uma das mentes mais brilhantes da literatura e música nacional.

Trajetória
Nascido no Rio de Janeiro, em 6 de outubro de 1945, Antonio Cicero cursou Filosofia no Brasil e no exterior, dedicando-se tanto ao ensino acadêmico quanto à escrita. Seus estudos o levaram a se aprofundar nas obras dos clássicos gregos e latinos, o que influenciou sua produção poética e filosófica.

Seu talento para as palavras transbordou para a música, sendo autor de letras marcantes da MPB, como Fullgás, Pra começar e À francesa. Também fez grandes parcerias com artistas renomados como Marina Lima, sua irmã, e nomes como Lulu Santos, Adriana Calcanhotto e João Bosco.

Cicero foi imortalizado na cadeira 27 da Academia Brasileira de Letras em 2017, onde seu vasto conhecimento e sua sensibilidade literária enriqueceram ainda mais o cenário intelectual do país. Entre suas obras mais célebres estão os livros de poesia "Guardar", de 1996, e "A cidade e os livros", de 2015, além de ensaios filosóficos como "Finalidades sem fim".

Antonio Cicero também foi colunista do jornal Folha de S. Paulo de abril de 2007 a novembro de 2010.

Neste momento de luto, o Ministério da Cultura se solidariza com seus familiares, amigos e admiradores, destacando a importância de Antonio Cicero como uma referência na cultura brasileira."