Coral na Margem Equatorial é "fake news", diz diretora da Petrobras
Segundo Sylvia Anjos, projeto de pesquisa mapeou região e encontrou recifes rochosos, mas não corais
A presença de corais na foz do Rio Amazonas, que seriam ameaçados pela exploração de petróleo e gás no litoral da região, é “fake news” científico, disse, nesta quinta-feira (24), a diretora executiva de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, ao reforçar a argumentação a favor da expansão da produção para a chamada Margem Equatorial, porção do litoral brasileiro que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá.
A Petrobras aguarda a licença ambiental do Ibama, órgão do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, para perfurar o primeiro poço de exploração na Bacia da Foz do Amazonas, no litoral do Amapá, dentro da Margem Equatorial.
O órgão ambiental negou a licença em 2023, mas a estatal recorreu da decisão. Atualmente, aguarda uma decisão final do Ibama. Desde então, o alto comando da Petrobras vem declarando que todas as exigências feitas no processo de licenciamento foram atendidas e defendendo a liberação da perfuração.
Ambiente sensível
A possibilidade de exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial, região considerada ambientalmente sensível e pouco conhecida cientificamente, tem sido criticada por entidades de defesa do meio ambiente e cientistas.
Um dos problemas levantados pelos críticos seria o impacto da atividade petroleira na vida marinha, incluindo recifes e corais.
Segundo Sylvia, a Petrobras já havia feito um mapeamento científico da região da Foz do Amazonas antes do estudo de impacto feito para pedir a licença ao Ibama.
O projeto de pesquisa, a cargo do Cenpes, o centro de pesquisa da petroleira, em parceira com “mais de dez instituições”, durou nove anos e não identificou a presença de corais, disse a executiva.
– Não existe coral na Foz do Amazonas. Isso não é verdade, é uma “fake news” científica. Existem rochas carbonáticas (também conhecidas como calcárias, formadas por sedimentos), semelhantes a corais, mas não são corais. São rochas antigas – afirmou Sylvia, em “aula aberta” na Coppe, o instituto de pós-graduação em Engenharia da UFRJ.
Mesmo que licença saia logo, perfuração fica para 2025
Na semana passada, Sylvia disse que, por causa da demora na obtenção da licença do Ibama, a Petrobras pediu à Agência Nacional de Petróleo (ANP) mais prazo para iniciar a exploração dos campos sob concessão. Pelas regras do marco regulatório do setor, os contratos de concessão estipulam um prazo até o qual as empresas precisam iniciar a perfuração.
O bloco no litoral do Amapá foi adquirido pela estatal em 2013, disse Sylvia na ocasião.
Após a palestra na Coppe nesta quinta-feira, a diretora da Petrobras demonstrou otimismo na obtenção do aval do Ibama, mas evitou estimar quando isso poderia acontecer.
De qualquer forma, segundo a executiva, não há mais tempo hábil para a perfuração começar este ano. Isso porque, diante da demora no processo de licenciamento, os equipamentos necessários para perfurar foram retirados da região.
Agora, terão que ser lavados e, depois, deslocados de volta para o litoral do Amapá, procedimentos que levarão mais de dois meses, disse Sylvia.