opinião

Gestão do amanhã

Seja no contexto tangível ou intangível, político, econômico e social, no mundo convulsionado como está, onde até a natureza está cobrando a conta tentando retomar seus espaços. Roubados, destroçados pela completa e absurda irresponsabilidade dos homens, é grande a probabilidade de que o que está por vir não seja coisa boa. Sendo assim, é preferível rezar pelas incertezas do que pelas certezas, vez que na incerteza talvez ainda tenhamos uma chance.

Infelizmente, a humanidade nesse alvorecer do século XXI não conseguiu tirar lições do passado, das tragédias ocorridas, ou melhor, das tragédias cometidas pela insana sede de poder, quase sempre de cunho particular, pela via direta, ou conquistada indiretamente pelo fenômeno político da oportunidade. Conduzida pelo hipnotizante carisma das chamadas “lideranças” que usam como instrumentos de persuasão da distribuição de batatas fritas, a petróleo, bombas e mísseis de longo alcance e, quando perdem a paciência, recorrem à parafernália atômica, batendo no peito em bárbaro ufanismo, se achando grandes heróis do pedaço que Papai do Céu nos presenteou.

Tudo indica, pelos evidentes sinais de alerta, que estamos perto do chamado “point of no return”, ou como diz o veterano líder político uruguaio José Mujica, do alto dos seus noventa anos se preparando para “a viagem ao destino sem volta”.

Colecionando expressões da atualidade, recorro no conjunto de alertas, fazendo uso da cultura, como agente do lado “gente” do ser humano, o título do filme de Walter Salles, premiado no Festival de Veneza, “Ainda estou aqui”, que conseguiu resgatar profundas emoções com direito a lágrimas de profundo sentimento, na emocionante história de Eunice Paiva, mãe de Marcelo Rubens Paiva, autor do livro no qual o filme se baseia.

Tirando partido da expressão, observo a partir do micro espaço em que me situo o sentimento coletivo de que todos nós “ainda estamos aqui”, e se quisermos por qualquer motivo civilizatório humanitário, de ética, de equilíbrio e bom senso, para ter o direito de curtir mais um pouco a controversa vivencia terrena, é prudente mudar, renascer, repensar comportamentos em âmbito global, antes que seja tarde demais.

Sendo assim, os pretensos gestores do amanhã da humanidade, se eventualmente restar alguma coisa, deveriam perguntar aos seus espelhos “espelho, espelho meu, existe alguém mais louco do que eu?” para de pronto quebrá-lo para não ouvir a inevitável e indesejada resposta, alinhada com todos os cruéis e desumanos acontecimentos de que tivemos notícia ao longo da história, que aparentemente mais uma vez se repete, multiplicada exponencialmente com o concurso dos instrumentos dos novos tempos comandados pelos alucinados de plantão, em todos os quadrantes do planeta daqui ou de fora.

Consultor empresarial (mgmaranhao@gmail.com).

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