Cultura Artística anuncia programação de 2025 com Patti Smith, MPB e jazz
Reaberto em agosto após incêndio, espaço expande atrações para estilos que vão além da música clássica
O Cultura Artística, tradicional espaço paulistano reaberto em agosto após um incêndio acontecido em 2008, anuncia na manhã de sexta-feira (25) a programação de 2025.
Antes voltado à música clássica e ao teatro, o palco se abrirá a estilos como a MPB e o Jazz — e não terá mais peças teatrais. Na abertura da agenda, a estrela será a poetisa, cantora e compositora norte-americana Patti Smith, que se apresenta no dia 30 de janeiro.
Ícone da contracultura, Smith ficou conhecida como “a poetisa do punk” e se tornou figura influente da cena do rock. Ela se apresentará com o coletivo Soundwalk Collective. Os ingressos serão vendidos a partir de novembro.
Em março, a cantora Alaíde Costa, uma das vozes mais marcantes da MPB nos anos 60 e 70, se apresenta com José Miguel Wisnik ao piano.
Em julho, o palco será da big band NYO Jazz, sob direção do trompetista Sean Jones e com a cantora brasileira Luciana Souza, vencedora do Grammy em 2007, como solista convidada. Pela primeira vez no Brasil, o grupo é sediado no Carnegie Hall de Nova York e reúne a elite dos jovens músicos de jazz dos Estados Unidos.
Ainda no universo do jazz, outra atração será Stacey Kent, que se apresentará em trio com Jim Tomlinson (sopros) e Art Hirahara (piano), em setembro. A série terá ainda a estadounidense Samara Joy, que virá ao Brasil acompanhada de seu octeto.
Além de jazz e MPB, o espaço também mantém a tradição e terá uma robusta programação clássica em 2025. Entre os destaque está o Festival Shostakovich com o Quarteto Jerusalém, importante nome do cenário atual. A série será apresentada em poucas salas do mundo, entre elas o Wigmore Hall e a Tonhalle de Zurique.
A programação completa e as informações sobre ingressos e assinaturas estarão disponíveis no site do Cultura Artística a partir das 10h de sexta.
Reaberto após incêndio
Na madrugada de 17 de agosto de 2008, os moradores do bairro paulistano da Consolação assistiram ao icônico Teatro Cultura Artística, inaugurado em 1950, arder em chamas.
O incidente, cuja causa nunca foi confirmada, deixou o imóvel ficou praticamente destruído. Salvaram-se, pela astúcia de um segurança que fechou uma porta corta-fogo, os foyers do térreo e o arquivo histórico. Graças à parede dupla na fachada, também restou em pé o monumental painel do modernista Di Cavalcanti (1897-1976), que adorna até hoje a entrada do endereço.
Passados 16 anos da tragédia e após uma reforma de R$ 150 milhões, o teatro foi reaberto totalmente repaginado em agosto.
"Nosso maior desafio foi sem dúvida captar recursos. O Cultura Artística é um teatro totalmente privado (ligado à centenária Sociedade Cultura Artística), portanto, toda a reconstrução foi feita com doações e uso de leis de incentivo. Tivemos mais de 800 doadores ", disse ao GLOBO o diretor-executivo Frederico Lohmann, na ocasião da reabertura.
A sala principal agora recebe 773 pessoas na plateia por vez e há ainda um segundo auditório, para 150 pessoas. Onze salas de aula, uma unidade da livraria Megafauna e um café completam o complexo de atividades. Se antes de fechar o Cultura Artística concentrava as atividades para os horários noturnos, agora é esperado que ele movimente a região durante todo o dia.
O grandioso painel de Di Cavalcanti, com impressionantes 342 metros quadrados, é uma atração à parte. Com mais de um milhão de pastilhas, ele figura como o maior trabalho de Di disponível em São Paulo.
Poupado do incêndio, passou por um restauro ainda entre 2010 e 2011, sobretudo para limpeza. O serviço foi feito pela arquiteta Isabel Ruas, uma das principais mosaicistas do país.