Saúde

Gripe forte e herpes-zóster estão associadas a um risco maior de demência, mostra estudo

As evidências foram publicadas na revista científica Nature Aging

Pessoa assoando o nariz - Divulgação

O cérebro pode sofrer consequências a longo prazo após infecções graves, incluindo gripe forte e herpes-zóster, segundo um novo estudo publicado na revista cientifica Nature Aging.

Pesquisadores encontraram evidências que estas doenças estão associadas ao aumento do risco de desenvolver demência anos depois e à atrofia cerebral acelerada.

Estudos anteriores mostraram esta associação, contudo, não foram descobertos os mecanismos responsáveis por fazer as infecções contribuírem para esse aumento do risco.

Dessa forma, a pesquisa analisou de qual maneira os diagnósticos de infecção anteriores se relacionam com mudanças nos volumes cerebrais ao longo do tempo e risco de demência por todas as causas, demência DA e demência vascular (VaD).

Para chegar aos resultados, a equipe utilizou dados do Baltimore Longitudinal Study of Aging (Estudo Longitudinal de Envelhecimento de Baltimore), e também imagens feitas ao longo de 16 anos de 982 adultos com cognição normal.

A partir disso, eles descobriram que dos 15 tipos de infecções investigados, seis apresentam forte associação com a perda acelerada de volume do cérebro, também conhecida como atrofia cerebral.

A região mais comumente afetada foi o lobo temporal, que tem como alguma de suas funções: a percepção auditiva, integração da audição e da fala, a memória visual e a emoção.

Também foram encontradas alterações em 260 proteínas relacionadas ao sistema imunológico de pessoas com histórico de infecções.

O estudo apontou pelo menos 35 proteínas, parte de um subconjunto, capazes de promover mudanças no volume do cérebro.

Dentre as proteínas, uma parte criavam consequências negativas enquanto outras desempenham papel protetor.

Porém, segundo os pesquisadores, as infecções mostraram associação a uma maior quantidade das patogênicas, enquanto as protetoras diminuíram.

Vacina contra herpes-zóster pode reduzir risco de demência

A vacina Shingrix contra o herpes-zóster, também conhecido como cobreiro, pode reduzir o risco de demência em 17% nos seis anos seguintes à vacinação, segundo cientistas da Universidade de Oxford.

Esta proteção foi observada em ambos os sexos, mas foi maior em mulheres.

O estudo foi publicado na revista científica Nature Medicine.

O herpes-zóster é caracterizado como uma reativação do vírus da catapora, chamado varicela-zóster, principalmente depois dos 50 anos de idade.

Ele causa lesões na pele, além de febre, dor de cabeça, mal-estar, dores nos nervos e sensação de formigamento ou agulhadas.

A pesquisa contou com dados de 200 mil participantes americanos parte do banco de dados TriNetX.

Os resultados mostraram que a Shingrix (produzida pela farmacêutica GSK) conseguiu reduzir o risco de demência em 17% em comparação com a Zostavax (da farmacêutica MSD), e teve um efeito de torná-lo 23–27% menor quando comparada as outras vacinas.

Os pesquisadores apontam que isso equivale a 5–9 meses a mais vividos sem demência para aqueles que receberam a Shingrix em comparação com as outras vacinas.

A Shingrix pode ser encontrada no Brasil através da rede privada.

A imunização completa só ocorre após duas doses, com intervalo de dois meses entre elas. Ela é indicada para adultos acima dos 18 anos (que tenham risco aumentado para a doença).