Pecuarista é julgado por matar centenas de pinguins na Argentina em 2021
A promotora declarou que o acusado realizou atos de "crueldade animal" e danos "irreversíveis" à fauna e à flora
Um julgamento sobre o massacre de centenas de pinguins-de-Magalhães começou nesta segunda-feira (28) no sul da Argentina, em um processo sem precedentes contra um pecuarista local que teria esmagado centenas de ovos e filhotes desta espécie preservada para abrir uma estrada rural.
A promotora María Florencia Gómez declarou em sua acusação inicial que o acusado realizou atos de "crueldade animal" e danos "irreversíveis" à fauna e à flora do local quando "realizou limpezas e movimentos" com uma retroescavadora, "atropelando os ovos e pintos que se encontravam no caminho".
Ricardo La Regina foi acusado na sequência de uma queixa apresentada em 2021 na província patagônica de Chubut, 1.400 quilômetros a sul de Buenos Aires.
Segundo seu advogado, Federico Ruffa, "não há absolutamente nenhum pinguim prejudicado por estes fatos", disse em entrevista ao canal local TN nesta segunda-feira.
A imprensa local denominou o caso como "o massacre dos pinguins em Punta Tombo", visto que o incidente teria ocorrido em uma zona adjacente à reserva de Punta Tombo, na costa atlântica, um santuário natural de nidificação de uma das maiores colônias de pinguins-de-Magalhães do mundo, considerada também como uma "área de reserva" da Unesco.
A promotora pediu quatro anos de prisão para La Regina, mas o advogado da acusação Lucas Micheloud disse à AFP que o número total de acusações chega a 12 anos.
"Podemos dizer que as penas máximas vão variar de quatro a 12 anos", afirmou Micheloud.
Denúncia e acusação estimam que o acusado destruiu 175 ninhos, com uma média de dois ovos por ninho, além dos filhotes esmagados.
La Regina declarou à TN que sua ação "não foi a correta", mas "não houve outra saída uma vez que o Estado esteve ausente por mais de 10 anos", durante os quais exigiu a abertura de estradas e demarcações entre as terras que administra e a reserva.
O julgamento poderá ter duração de pelo menos uma semana e meia e são esperadas cerca de 60 testemunhas de ambos os lados, segundo o Ministério Público de Chubut.