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Israel bombardeia Gaza e Líbano após Egito anunciar proposta de trégua

Nem Israel nem o Hamas comentaram a proposta do presidente egípcio

Fumaça sobe após bombardeio israelense que teve como alvo a vila de Khiam, no sul do Líbano - AFP

Israel bombardeou, nesta segunda-feira (28), o Líbano e a Faixa de Gaza, locais em que as tropas do país lutam contra os movimentos islamistas Hamas e Hezbollah, depois que o presidente do Egito, Abdel Fatah al Sissi, anunciou uma proposta de trégua de dois dias no território palestino.

Nem Israel nem o Hamas comentaram a proposta do presidente egípcio, mas, segundo um comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o governo debate um novo "plano de acordo" para a libertação dos reféns mantidos na Faixa de Gaza.

Este anúncio ocorre após o retorno do Catar de David Barnea, o chefe do Mossad — os serviços de inteligência exterior israelenses —, que se reuniu com o chefe da CIA, Bill Burns, e o primeiro-ministro do Catar para discutir um cessar-fogo no território palestino.

"Nos próximos dias, as negociações continuarão entre os mediadores e o Hamas para examinar a viabilidade das conversas e continuar tentando avançar para um acordo", indicou o gabinete de Netanyahu.

Egito, Catar e Estados Unidos são os países mediadores na guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, desencadeada após o ataque do movimento islamista em solo israelense em 7 de outubro de 2023.

Em um contexto de alta tensão regional, o Irã elevou o tom e ameaçou Israel com "consequências amargas inimagináveis" após os bombardeios realizados no sábado contra instalações militares da República Islâmica.

Pelo menos quatro soldados morreram devido aos bombardeios israelenses, segundo o Exército, e os meios de comunicação iranianos indicaram nesta segunda-feira que o ataque também matou um civil.

A pedido do Irã, que apoia o Hezbollah e o Hamas contra Israel, o Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta segunda-feira em caráter urgência, às 16h de Brasília, para tratar do Oriente Médio.

"Dois dias de cessar-fogo" 
Na Faixa de Gaza, o Exército israelense anunciou que matou "dezenas de terroristas" em Jabaliya, no norte do território palestino, onde iniciou uma ofensiva em 6 de outubro para, segundo afirma, impedir que os combatentes do Hamas se reagrupem.

Segundo socorristas locais, os bombardeios continuam no centro e no norte de Gaza, onde um drone israelense matou três pessoas.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque de milicianos do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, no qual mataram 1.206 pessoas, principalmente civis, e capturaram 251, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses, que incluem os reféns mortos em cativeiro.

Das pessoas sequestradas naquele dia, 97 ainda estão em cativeiro em Gaza, incluindo 34 que foram declaradas mortas pelo Exército. Em resposta, Israel lançou uma ofensiva em Gaza que já deixou 43.020 mortos, na sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

Al Sissi propôs no domingo "dois dias de cessar-fogo", durante os quais "quatro reféns seriam trocados por alguns prisioneiros" que estão detidos em Israel.

O presidente egípcio não especificou se apresentou o plano ao Hamas ou a Israel, mas indicou que a trégua precederia "negociações em 10 dias" para garantir "um cessar-fogo completo e a entrada de ajuda" na Faixa de Gaza, cujos habitantes são vítimas de uma catástrofe humanitária.

Sete mortos em Tiro 
Depois de debilitar o Hamas em Gaza, Israel deslocou a maior parte de suas operações para o Líbano. Em 23 de setembro, o Exército iniciou uma campanha aérea contra os redutos do Hezbollah, e uma semana depois iniciou uma ofensiva terrestre que, até o momento, provocou as mortes de 37 soldados.

O objetivo, segundo as autoridades israelenses, é permitir o retorno ao norte do país de quase 60 mil deslocados pelos lançamentos de foguetes do Hezbollah.

Nesta segunda-feira, um bombardeio israelense matou sete pessoas na cidade costeira de Tiro, sul do Líbano, segundo as autoridades.

O movimento pró-iraniano reivindicou, por sua vez, vários ataques com foguetes e artilharia na fronteira israelense, assim como disparos de projéteis contra a base naval de Stella Maris, perto de Haifa, o grande porto do norte de Israel.

Segundo o Exército israelense, cerca de 115 "projéteis" foram disparados nesta segunda-feira pelo Hezbollah em direção a Israel.

O Hezbollah também afirmou que havia armado uma "emboscada" para soldados israelenses perto de Kfar Kila, um vilarejo fronteiriço no sul do Líbano, seguida de "enfrentamentos com armas automáticas e disparos de foguetes" que deixaram, segundo seu relatório, "mortos e feridos" nas fileiras israelenses.

Desde 23 de setembro, pelo menos 1.620 pessoas morreram no Líbano, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais.