NEGÓCIOS

É o fim do home office? Starbucks ameaça demitir funcionários que não voltarem ao escritório nos EUA

Rede de cafeterias quer que seus empregados corporativos compareçam ao escritório ao menos três dias por semana

Cafeteria Starbucks tem 187 unidades no Brasil - Divulgação / Starbucks

A empresa que controla a rede de cafeterias Starbucks resolveu colocar um fim no trabalho remoto que perdura desde a pandemia. A companhia informou seus funcionários corporativos nos Estados Unidos de que podem ser demitidos caso não compareçam ao escritório três dias por semana.

A política se aplica apenas aos cerca de 3.500 funcionários administrativos nos EUA. A maioria dos empregados da empresa já está diariamente nas cafeterias da rede em carne e osso.

A partir de janeiro, a Starbucks implementará um “processo padronizado” para punir os funcionários que não cumprirem a política de retorno ao escritório da empresa, segundo um memorando enviado a uma das divisões da empresa visto pela agência Bloomberg. As consequências incluem até mesmo o fim da relação com a empresa, conforme mencionado no e-mail.

A mensagem marca um aumento da pressão para o cumprimento das regras de trabalho híbrido menos de dois meses após Brian Niccol assumir o cargo de CEO. O executivo disse aos funcionários no mês passado que eles deveriam trabalhar de onde fosse necessário para realizar suas tarefas, mas que acredita que esse lugar geralmente é o escritório.

O Starbucks informou que as expectativas para o trabalho híbrido não mudaram e que férias, licença médica e viagens de negócios são excluídas do cálculo. Os funcionários podem solicitar uma isenção da obrigação devido a deficiência física, mental, sensorial ou outra incapacidade, segundo a empresa.

“Continuamos a apoiar nossos líderes para que responsabilizem suas equipes pela nossa política híbrida de trabalho”, afirmou a empresa em um comunicado na segunda-feira. O Starbucks também vai deixar de exigir a terça-feira como um dia comum de comparecimento para todos os trabalhadores da sede, deixando essa definição para cada equipe, segundo o memorando.

No ano passado, quando o Starbucks tentou aplicar esse esquema de trabalho híbrido, dezenas de funcionários corporativos assinaram uma carta aberta em protesto.

Foto: Ruca Souza/Pexels

O próprio arranjo de trabalho de Niccol, o novo CEO, que lhe permite morar na Califórnia e viajar 1.600 quilômetros para Seattle, onde fica a sede do Starbucks, no jato corporativo da empresa, gerou críticas de alguns funcionários e observadores externos.

O Starbucks disse que Niccol passará a maior parte do tempo em Seattle ou visitando lojas. Vários funcionários afirmaram que não se importavam com onde o CEO estava baseado, desde que ele não endurecesse as exigências de trabalho presencial.

Amazon e Dell fazem o mesmo
A Starbucks é a mais recente empresa a adotar uma abordagem mais rigorosa na batalha em curso pelo retorno ao escritório. No mês passado, o CEO da Amazon.com, Andy Jassy, surpreendeu os funcionários com um memorando ordenando que começassem a trabalhar no escritório cinco dias por semana, a partir de janeiro.

Atualmente, a Amazon permite que muitos de seus funcionários trabalhem de casa dois dias por semana.

No início deste ano, a Dell Technologies informou aos trabalhadores que escolheram permanecer remotos que eles não seriam elegíveis para promoções. Bancos de Wall Street também alertaram que o trabalho remoto poderia prejudicar as perspectivas de carreira dos funcionários.

Ainda assim, escritórios nas maiores cidades dos EUA continuam com ocupação reduzida, comparados aos níveis pré-pandêmicos, segundo a empresa de segurança Kastle Systems.

Risco de perder talentos
Ao mesmo tempo, algumas empresas perceberam que um mandato de retorno ao escritório pode servir como uma forma disfarçada de demissões. Em uma pesquisa da BambooHR, um em cada quatro executivos admitiu esperar alguma demissão voluntária após a exigência de retorno ao escritório.

No entanto, pesquisas mostram que os funcionários que saem devido a essas políticas geralmente são os mais experientes, justamente que as empresas menos podem se dar ao luxo de perder.