Lira diz querer PT e PL apoiando Hugo Motta para sua sucessão
Na tentativa de ampliar o apoio a Motta e atrair partido do governo, presidente da Câmara retardou tramitação da anistia ao 8 de janeiro
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta terça-feira que quer o apoio do PT e do PL para a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Casa.
Em entrevista à GloboNews, Lira afirmou que a criação de uma comissão especial para analisar o Projeto de Lei que dá anistia aos envolvidos nos atos do 8 de Janeiro não afasta o partido de Jair Bolsonaro.
Na tentativa de ampliar o apoio a Motta e atrair o PT, que está inclinado a entrar na aliança do líder do Republicanos, mas ainda não tomou a decisão, Lira decidiu retardar a tramitação do projeto, que tinha votação prevista para esta terça na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e é um pleito da ala bolsonarista da Casa.
"Tenho um relacionamento muito bom com o PL e PT, faz parte do meu perfil conversar com os divergentes. Se não tiver como colocar a bola no chão e resolver, não temos como representar aquela casa. A polêmica se resolve com discussão e paciência. A partir da criação da comissão especial, o rito se dá internamente pelo seu presidente e relator. Eu não faço juízo de valor, mas um tema como esse não requer a minha análise de mérito. Um tema como esse não pode ficar inapropriadamente na mão de uma briga de partidos. Mas, queremos uma convergência com esses partidos ", disse Lira.
Mais cedo, Lira anunciou o apoio a Motta. O anúncio foi feito ao lado de líderes de partidos como MDB e PP, de um vice-líder do PT e do presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), que abriu mão da disputa e abriu caminho para Motta.
"Declarar apoio a Hugo Motta, neste momento, é a minha contribuição pessoal para a convergência e para que possamos manter uma Câmara firme na defesa do Parlamento e do Brasil. Estou convicto de que o candidato com maiores condições políticas de construir convergências no Parlamento é o deputado Hugo Motta, nome que demonstrou capacidade de aliar polos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez ", disse.
Estavam ao lado de Lira e Motta os líderes Isnaldo Bulhões (MDB-AL), Dr. Luizinho (PP-RJ) e Rubens Pereira Jr (PT-MA), vice-líder do PT, e outros parlamentares.O presidente da Câmara usou o pronunciamento também para fazer acenos aos líderes do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), e do PSD, Antonio Brito (BA) — chamou ambos de "verdadeiros amigos de vida".
Na sequência, ainda na manhã desta terça, o Republicanos e o PP oficializam a adesão à candidatura. Motta tem sinalização favorável das bancadas do PL e do PT.
O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, entretanto, condiciona o apoio ao projeto que anistia envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Motta entrou na disputa após a saída de Pereira. A mudança provocou uma reviravolta na disputa e atrapalhou os planos do líder do União Brasil, Elmar Nascimento, antes tido como favorito para ter o apoio de Lira.