BRASIL

Anvisa emite novo alerta sobre falsificação de Ozempic com canetas de insulina

Após caso de internação no Rio de Janeiro, autarquia diz que fraude segue em investigação

Ozempic original versus falsificado - Reprodução/BASG

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa) emitiu, nessa terça-feira (29), um novo alerta sobre falsificação do medicamento Ozempic, da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk.

O remédio é indicado para diabetes tipo 2, mas é muito usado para perda de peso pelo seu princípio ativo, a semaglutida, ser aprovado para o tratamento da obesidade quando vendido sob o nome Wegovy.

A autarquia reiterou o alerta feito na semana passada pelo laboratório após o relato de uma mulher que foi internada com um quadro grave no Rio de Janeiro devido ao uso do Ozempic falsificado.

Segundo a Anvisa, há "indícios de que canetas de insulina Fiasp® FlexTouch® foram readesivadas e reaproveitadas com rótulos de Ozempic® do lote NP5K174, que possivelmente foram retirados indevidamente de canetas originais do medicamento”.

“Ou seja, o lote NP5K174 é um lote original e autêntico de Ozempic, mas os seus rótulos teriam sido usados em embalagens de insulina vendidas como Ozempic em uma fraude que ainda segue em investigação”, continua a agência.

Na semana passada, a Novo Nordisk disse que, além do episódio no Rio, identificou casos semelhantes de falsificação do medicamento em Brasília (DF), Anápolis (GO), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG) e Paty do Alferes (RJ). O laboratório afirmou que "reconhece a gravidade da situação" e que estava “em contato e colaborando com as autoridades competentes".

Ao Globo, a Anvisa já havia dito que solicitou informações às autoridades locais do Rio de Janeiro após o caso de internação para “avaliar a necessidade de medidas adicionais”. A mulher, de 46 anos, foi hospitalizada no hospital Copa D' Or, em Copacabana.

Ela realizava tratamento regular com o remédio, indicado por um endocrinologista, e comprou a caneta injetável em uma farmácia. Apenas após a médica que a atendeu no hospital ter desconfiado do item é que descobriu se tratar de um produto falsificado. A paciente estava com um quadro grave de hipoglicemia – níveis baixos de açúcar no sangue.

No novo alerta, a Anvisa orienta que a população e os profissionais da saúde “fiquem atentos às características da embalagem e do produto, e que adquiram somente produtos completos (dentro da caixa), em farmácias regularizadas junto à Vigilância Sanitária e sempre com a emissão de nota fiscal”.

Além disso, reforça que se desconfie de sites e canais de venda que usam aplicativos e redes sociais para ofertar os produtos e que não se adquira medicamentos oferecidos em grupos de mensagens.

Entre os indícios de fraude, cita:
Sites e canais não licenciados pela Anvisa para comercialização de medicamentos e que usam os nomes das marcas e/ou adotam aplicativos de vendas e redes sociais para ofertar os produtos;

Embalagem do medicamento rasurada ou visivelmente alterada, em idioma estrangeiro, com aparência farmacêutica (apresentação) diferente da registrada e com informações incorretas sobre o produto – Ozempic® 1mg é vendido apenas em canetas pré-preenchidas injetáveis;

Preços muito abaixo dos aprovados pelo governo (todos os produtos Novo Nordisk seguem a tabela da CMED, órgão federal que regulamenta o preço dos medicamentos no país);

Adesivos e indicações de “nova fórmula” ou informações semelhantes – a Novo Nordisk não lançou nenhuma nova fórmula de Ozempic® desde sua chegada ao mercado, em 2019;

Canetas de Ozempic® 1mg com numerações no seletor de dose diferentes de 0mg e 1mg.

O órgão orienta ao usuário que, em caso de dúvidas, entre em contato com o serviço de atendimento da Novo Nordisk para checar as informações e origem do remédio.

O laboratório disse que os pacientes podem acessar o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) de segunda a sexta- feira, das 8h às 17h, pelo telefone 0800 014 44 88, ou 24 horas pelo e-mail: sac.br@novonordisk.com.