PL adia anúncio de apoio a Motta e ala bolsonarista defende candidatura própria à Câmara
Deputados do chamado "bolsonarismo raiz"defendem uma candidatura própria
O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, adiou o anúncio de apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Câmara. Após reunião com a bancada do partido em Brasília, nesta quarta-feira, o líder da legenda na Casa, Altineu Côrtes (RJ), afirmou que deputados apresentaram uma série de reivindicações em relação a pautas, que serão repassadas a Motta.
O deputado apoiado por Arthur Lira (PP-AL) é alvo de resistências de deputados do chamado "bolsonarismo raiz", que defende uma candidatura própria. Altineu assegura, contudo, que o partido já tem maioria da bancada favorável a Hugo Motta.
— Alguns deputados têm um desejo de candidatura própria, mas dissemos que temos um entendimento pelo Hugo. A questão são as pautas apresentadas pelos deputados, que serão apresentadas a ele. O PL está formando a maioria, mas respeitamos alguns deputados divergentes. É natural ouvir a todos. Vamos recolher essas pautas e conversar com ele. Candidatura própria está descartada. Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto já declararam o caminho do partido — afirmou.
Em encontro com alguns deputados bolsonaristas, pela manhã, Motta recebeu uma lista de demandas e projetos considerados prioritárias pela bancada. A PEC das Drogas e o PL da Anistia estão entre os pontos. Motta teria prometido dar seguimento aos projetos.
Na terça-feira, Arthur Lira atuou em duas frentes para tentar cacifar Hugo Motta ao comando da Casa em fevereiro de 2025. Pela manhã, anunciou publicamente o seu apoio à candidatura do aliado. Na visão do deputado do PP, que há dois meses ainda dava suporte a Elmar Nascimento (União-BA), o líder do Republicanos é o nome da “convergência”.
O parlamentar também utilizou uma manobra regimental para retardar a tramitação da proposta que trata da anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro. A intenção é que o tema não seja utilizado como barganha pelo PL para apoiar um dos candidatos. Também abriria portas para o PT chancelar de uma vez o apoio a Motta, já que o parlamentar não precisaria se comprometer com a pauta neste momento.
O deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (SP) não escondeu a insatisfação com a escolha por Motta.
— Lira foi o pior presidente de poder que esse país já teve, nunca respeitou o trabalho das comissões, por exemplo. Estão esperando mudanças por meio de um indicado por ele? É inaceitável — opinou.
A cerca de dois meses do fim de sua gestão, Lira tenta segurar as rédeas do processo de sucessão e evitar que a expectativa de poder o torne irrelevante, o que reservadamente não seria visto como algo negativo por governistas.
O deputado entende que a manutenção da influência sobre o Centrão pode ser importante para se posicionar no futuro, seja no próprio Legislativo ou em novas disputas eleitorais.
Ao tentar costurar um nome de consenso e liderar a Casa até o fim do período, o presidente da Câmara também mantém musculatura para negociar um acordo favorável ao Congresso sobre as emendas parlamentares e honrar compromissos com aliados. A distribuição desses recursos está travada por ordem do Supremo Tribunal Federal.
Podemos apoia Motta
O Podemos, que tem 14 deputados, formalizou o apoio a Motta nesta quarta-feira. O anúncio foi feito pela deputada Renata Abreu (SP), presidente do partido. Segundo ela, a decisão foi tomada por "unanimidade" na bancada.