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ONG treina ratos gigantes africanos para detectar chifres de rinoceronte e presas de elefantes

Segundo a Interpol, o comércio ilegal de produtos de animais silvestres movimenta cerca de R$ 100 bilhões por ano

Os roedores já eram utilizados para detectar minas terrestres e tuberculose - Maria Anna Caneva Saccardo Caterina / Apopo/ SWNS

Ratos gigantes africanos podem se tornar a nova linha de frente no combate ao tráfico de animais ameaçados de extinção. Em um estudo, segundo o jornal inglês The Guardian, esses roedores foram treinados para farejar itens contrabandeados, como escamas de pangolim, chifres de rinoceronte, presas de elefante e madeira de lei.

Pesquisadores da ONG Apopo, fundada na Bélgica e sediada na Tanzânia, treinaram oito ratos da espécie para identificar produtos de vida selvagem escondidos nas bagagens entre itens comuns, como folhas, perucas, amendoins e até sabão em pó.

A ONG já utiliza esses roedores para detectar minas terrestres e tuberculose, mas agora expande sua atuação contra o tráfico de vida selvagem.

Segundo a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), o comércio ilegal de produtos de animais silvestres movimenta cerca de R$ 100 bilhões por ano.

Nomeados em homenagem a conservacionistas como David Attenborough, os ratos passaram por um treinamento rigoroso e eram recompensados com comida ao manter o focinho em uma amostra de material ilegal por três segundos.

Durante as simulações, os animais vestiam coletes vermelhos e alertavam seus tratadores ao encontrar contrabando.

Após oito meses de treinamento, os roedores conseguiram identificar itens como escamas de pangolim e chifres de rinoceronte, mesmo sem contato recente com esses materiais.

A pesquisa, publicada no periódico Frontiers in Conservation Science, sugere que os ratos têm memória olfativa tão duradoura quanto a dos cães farejadores.

Em uma prova de campo realizada em 2023 no porto de Dar es Salaam, os ratos detectaram 85% das amostras plantadas, mesmo através de contêineres de transporte.

No entanto, pesquisadores destacaram que a detecção de marfim ainda é incerta, possivelmente porque o material estava armazenado próximo ao chifre de rinoceronte, confundindo os animais treinados.