Santa Cruz: quis demais, aproveitou de menos

Em ano cercado de expectativa, Santa Cruz desperdiça oportunidade de se afirmar no cenário nacional, assim como um dia aconteceu com seus rivais

Prefeitura de Olinda - Diego Galba/Prefeitura de Olinda

 

O Santa Cruz terminou 2015 nos braços da torcida. Aquele clu­­be, que amargou anos na Quarta Divisão, que viveu crises financeiras terríveis, estava retornando à Série A. Pela primeira vez após uma década, o time iniciava uma temporada enxergando um horizonte promissor. Mais receita, mais sócios, mais investimento, mais estrutura... mais, mais e mais. O advérbio de intensidade era o símbolo de uma instituição que acabara de retomar sua força no cenário nacional.

No início do primeiro semestre, o “bonde coral” saiu passando por cima de todos. Campeão pernambucano e do Nordeste. Mas os tricolores queriam mais: ficar entre dez primeiros do Brasileirão e fazer boa campanha na Copa Sul-Americana eram as metas. E passado três jogos, com a momentânea liderança no Nacional, houve quem cogitou a Libertadores. Nos últimos meses de 2016, entretanto, a Cobra Coral teve uma queda vertiginosa no seu futebol. Foi afetado por mudanças de técnico, clima ruim nos vestiários, críticas da torcida e acúmulo de dívidas. O Tricolor, aquele que queria “mais” em 2016, mostrou de menos. O bonde “desandou”.

O ex-presidente do clube e autor do livro “Santa Cruz de Corpo e Alma”, João Caixeiro acredita que, embora fatores externos tenham prejudicado o foco da equipe, foi o desempenho dentro dos gramados o maior culpado pela fraca campanha na Série A. “O clube contratou atletas que tinham feito bons trabalhos no passado, na esperança de que eles conseguiriam manter uma boa produção técnica. O problema é que eles não conseguiram dar uma resposta dentro de campo. Não acho que o time fez contratações infelizes. O que aconteceu é que o grupo não produziu o necessário”, apontou. 
A torcida esperava mais do Santa. Mas o Santa mostrou que também esperava mais dos tricolores. O apoio nas arquibancadas foi aquém do esperado. Sem falar em outras duas frustrações. “Teve um momento em que o Santa estava na liderança, mas não aumentou número de sócios. Também queríamos uma maior receita, até de patrocínios. Mas isso não aconteceu” , lamentou o vice-presidente do clube, Constantino Júnior.

Recentemente, o clube passou por mais um problema: funcionários do Arruda fizeram greve após cinco meses de salários atrasados.
Exemplo dos rivais
Começar o ano esperançoso e terminar frustrado não é um sentimento exclusivo dos tricolores. Náutico e Sport também sabem como é a sensação de começar uma temporada almejando voos maiores e terminar lamentando um rebaixamento. O Timbu, em 2013, possuía o seu maior orçamento da história na Série A (aproximadamente R$ 45 milhões) e tinha como trunfo a parceria com a Arena de Pernambuco, on­de mandaria seus jogos. Isso sem falar na empolgação ao disputar a Sul-Americana. A campanha no Nacional até hoje provoca calafrios nos alvirrubros. Com 20 pontos em 38 rodadas disputas, o Alvirrubro foi o pior representante pernambucano na história do Brasileiro de pontos corridos.
Se o Timbu estava empolgando em jogar a Sula, imagina o Sport que disputaria a Libertadores? Em 2009, após um 2008 vitorioso, coroado com o título da Copa do Brasil, o Leão iniciou o ano comemorando o título do Pernambucano. O sonho de chegar longe no torneio continental e no Brasileirão começou a ruir após a eliminação na Libertadores. A saída de Nelsinho Baptista somado a reforços que não renderam dentro de campo fizeram o Leão terminar na lanterna do torneio.