Eleições EUA

Kamala e Trump cortejam os latinos a cinco dias das eleições

Mais de 60 milhões de americanos já votaram antecipadamente nestas eleições

Kamala Harris e Donald Trump - Ryan Collerd/AFP; Chandan Khanna/AFP

"Amo os hispânicos", disse o republicano Donald Trump, nesta quinta-feira (31), em um comício no qual criticou a imigração irregular, antes de sua adversária, a democrata Kamala Harris, fazer campanha com Jennifer Lopez, Maná e Los Tigres del Norte em busca do voto latino, faltando cinco dias para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.

"Amo os hispânicos. São muito trabalhadores e empreendedores, e são grandes pessoas. E são carinhosos, às vezes carinhosos demais para dizer a verdade", disse Trump em um comício no Novo México, estado que, segundo as pesquisas, irá votar em sua adversária, a vice-presidente Kamala Harris.

Mas o discurso se concentrou, como de hábito, em sua retórica anti-imigração.

"Os migrantes ilegais que chegam a este país matam gente todos os dias" e "estão desatando uma violenta onda de assassinatos por todos os Estados Unidos", afirmou, sem apresentar provas de suas declarações.Ele não disse nada sobre a última polêmica de sua campanha, quando disse que irá proteger as mulheres "quer elas gostem, ou não".

Segundo as pesquisas, há um racha eleitoral entre mulheres e homens. Elas apoiam a democrata, enquanto eles se inclinam pelo republicano.

Por isso, Kamala, engajada na defesa do direito ao aborto, disse que considerou "muito ofensivas" as declarações de Trump.

O ex-presidente, de 78 anos, também tem prevista uma entrevista para o comentarista conservador Tucker Carlson mais tarde no Arizona e um comício em Nevada, dois estados disputados no oeste do país.


Série de polêmicas
A cinco dias das eleições, as polêmicas se sucedem.

Na quarta-feira, Trump subiu em um caminhão de lixo e fez um comício com um colete laranja e amarelo fluorescente para protestar contra o presidente Joe Biden por ter chamado seus apoiadores de "lixo".

Fez isso para tirar vantagem de um deslize, mas Kamala se desvinculou do comentário e Biden disse que se referia à "retórica odiosa" de um humorista pró-Trump que afirmou em um comício que Porto Rico é como "uma ilha flutuante de lixo".

O comentário sobre Porto Rico foi fatal para os porto-riquenhos, que não podem votar na ilha, mas sim nos estados continentais.

E segue dando o que falar. O artista Nicky Jam retirou seu apoio a Trump.

A equipe de campanha de Kamala colocou no ar um novo anúncio em espanhol sobre a piada ofensiva. Uma voz em 'off' diz: "Em 5 de novembro, Trump descobrirá que o lixo de uma pessoa é o tesouro de outra".

Em busca do voto latino
Mais de 60 milhões de americanos já votaram antecipadamente nestas eleições muito disputadas e nas quais cada voto conta.Os latinos costumam votar nos democratas, mas, nos últimos anos, os republicanos encurtaram a vantagem.

A última pesquisa do The New York Times/Siena atribui à vice-presidente 52% das intenções de votos entre os latinos frente a 42% para seu rival republicano.

A ex-procuradora tenta reverter a tendência, sobretudo nos sete estados-pêndulo, que, segundo as pesquisas, decidirão quem será o presidente.

Kamala se gaba de entender os latinos melhor do que ninguém porque é filha de imigrantes e, ao contrário do magnata, não cresceu cercada de riqueza.

Sua equipe de campanha multiplicou os anúncios em todos os tipos de mídia em espanhol, inglês e em uma mistura dos dois idiomas, conhecida como 'spanglish', para chegar até eles. Em um dos mais recentes, recorreu à cúmbia para pedir que os eleitores evitem cair "na armadilha" de votar no "trompas" (bocão) e dizer que "Kamala é boa gente".

Também haverá música nesta quinta-feira em um comício em Nevada com a atuação da banda mexicana Maná. A diva do pop Jennifer López, com 250 milhões de seguidores nas redes sociais, fará um discurso.

Em Phoenix, Arizona, fará outro comício ao som de Los Tigres del Norte, um grupo muito popular entre os mexicanos.

À medida que se aproximam as eleições, aumenta a preocupação com uma possível impugnação dos resultados, até mesmo uma explosão de violência, se Trump for derrotado.

O ex-presidente nunca reconheceu sua derrota em 2020 e já começou a falar de "trapaças" na Pensilvânia, um dos estados mais disputados, no nordeste do país.