Entenda golpe do qual Vivi Noronha, esposa de MC Poze do Rodo, e outros influencers são suspeitos
Agentes investigam esquema que finge seguir a Loteria Federal, mas usa app com indícios de manipulação
A primeira fase da operação Rifa Limpa, deflagrada nesta sexta-feira pela Polícia Civil do Rio, é resultado de uma investigação da Delegacia de Defraudações (DDEF) sobre sorteios ilegais divulgados em redes sociais por influencers que, segundo as investigações, se aproveitam de seus milhões de seguidores nas redes sociais. Vivi Noronha, esposa de MC Poze do Rodo, é um dos alvos. O funkeiro é investigado após seu nome surgir em meio às apurações sobre o suposto golpe.
A polícia aponta que os suspeitos usam parâmetros do sorteio da Loteria Federal e, assim, passam uma aparente impressão de credibilidade e legalidade ao sorteio. Mas não há processo de auditagem oficial para checar o real ganhador, já que eles utilizam um aplicativo customizado com indícios de fraudes, o que torna a prática ilegal.
Os influenciadores utilizam as suas redes sociais, principalmente o Instagram, e vêm promovendo e divulgando diversos sorteios e rifas ilegais.
Essa investigação começou há mais de cinco meses. Com essas ações, os envolvidos vêm cada vez mais auferindo lucro, ganhos ilícitos, em detrimento de um número indeterminado de pessoas que compram esses bilhetes dessas rifas acreditando na lisura do processo disse a delegada Josy Lima Leal Ribeiro, titular da DDEF.
São investigados crimes de jogo de azar, associação criminosa e lavagem de capitais. Os influencers estariam usando suas redes sociais com milhões de seguidores para divulgar e promover sorteios e rifas ilegais.
'Ganhavam mas não levavam'
De acordo com a delegada, o Setor de Inteligência da DDEF apurou é que os influenciadores faziam vídeos apontando pessoas como ganhadoras das rifas e mostravam documentos como sendo delas:
Nossa equipe visualizou que, na verdade, os carros sorteados ainda constavam no nome das agências bancárias. As pessoas ganhavam mas não levavam.
Segundo a policial, para a realização de rifas é preciso uma autorização prévia da Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria (Secap), vinculada ao Ministério da Fazenda. Elas podem ser feitas apenas por instituições sem fins lucrativos.
Os fins têm que ser sociais, beneficentes, para a prática da rifa, afirmou a delegada.
Josy disse, ainda, que MC Poze figura como investigado porque durante a apuração, que corre em sigilo, o nome dele apareceu como um dos envolvidos. Segundo ela, a investigação continua e, nos próximos meses, será deflagrada uma segunda fase da operação Rifa Limpa.
Buscas na casa de Vivi e Poze
Agentes estiveram na casa de Poze e Vivi, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Ao todo, foram dez mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça. O funkeiro falou sobre a operação em vídeo publicado em seu perfil no Instagram e afirmou que apenas sua esposa foi alvo da ação:
"Os caras vieram aqui em casa, mandado de busca e apreensão. Eu não sou o indiciado, não foi sobre mim. Foi sobre minha esposa. Mas como vocês sabem também nós estamos super tranquilos, não fazemos nada de errado. Sabe como é, né? Quando o favelado começa a colocar a 'bagaça' no bolso, incomoda. E é isso aí. Creio eu que até semana que vem já estará tudo resolvido. Meus carros, meus ouros, celular, tudo o que levaram... porque levaram tudo. Eu não estou nem no 'bagulho', mas levaram. Mas tranquilo. (...) Tudo sendo resolvido com os nossos advogados".
Entre os demais alvos da operação estão os influencers Roger Rodrigues dos Santos, o Roginho Dú Ouro; Jonathan Luis Chaves Costa, o Jon Jon; e Bolívar Guerrero Silva, cirurgião plástico equatoriano que já foi preso em 2022 por manter uma paciente em cárcere privado em um hospital particular, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e que responde a pelo menos 19 processos na Justiça. Quatro carros avaliados em mais de R$ 1 milhão foram apreendidos pelos policiais, além de bens como motocicletas e joias.