Polêmica

Alvo de operação contra rifas ilegais, Mc Poze acumula fortuna e tem cachê de R$ 40 mil por show

Funkeiro e Vivi Noronha, influencer com quem é casado, tem bens apreendidos por polícia devido a investigações por crime de fraude

MC Poze teve todos seus carros e joias apreeendidos pela polícia nesta manhã de sexta (01) - Divulgação

Os cordões robustos em ouro 18k — a maior parte deles com o peso de dois quilos — sinalizam o tamanho da fortuna de MC Poze do Rodo. Dono de um patrimônio milionário, que inclui dezenas de joias e uma frota de carros de luxo, o cantor de 25 anos se tornou alvo, nesta sexta-feira (1º), da Operação Rifa Limpa, em ação promovida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro contra sorteios ilegais realizados nas redes sociais. As investigações buscam esclarecer de onde vem, afinal, a fortuna do funkeiro e da influenciadora digital Vivi Noronha, com quem ele é casado.

Marlon Brandon Coelho Couto Silva, o MC Poze do Rodo, nasceu na Comunidade do Rodo, localizada em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ainda adolescente, ele se envolveu com o tráfico de drogas, experiência que afirma ter largado pela música. Sua realidade e a da comunidade em que cresceu, no entanto, estiveram presentes nas suas canções, algo que, por vezes, causou controvérsia.

Poze do Rodo estourou em 2019, quando já tinha um cachê de R$ 20 mil por show, o que chegava a somar R$ 240 mil por mês. De lá para cá, ele se manteve entre os funkeiros mais badalados da cena nacional, lançando faixas de sucesso, como "Vida louca", e participando de diversos feats, com nomes como MC Kevin o Chris, DJ Gabriel do Borel, MC Hariel, Xamã e Ferrugem. Em 2022, Poze lançou seu primeiro EP, "O sábio". Neste ano, esteve no line-up do Rock in Rio, com um show lotado.

Em agosto de 2023, quando a Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro, a Funarj, decidiu cancelar um show do artista dentro do projeto "Fim de tarde", foi revelado que seu cachê seria de R$ 40 mil por show.

Joias e carros apreendidos

Todos os carros e joias, incluindo os cordões de ouro, foram apreendidos pela polícia nesta manhã. Poze do Rodo se manifestou pelas redes sociais e afirmou que está buscando providências junto a advogados. "Os canas vieram aqui em casa com mandados de busca e apreensão. Eu não fui o indiciado. Não foi sobre mim, foi sobre minha esposa", disse ele, que pontuou que "não faz nada de errado". O artista afirmou ainda que os agentes apreenderam seus pertences. "Meus carros, meus ouros, meu celular, tudo que levaram, porque levaram tudo, e eu não tô nem no bagulho", acrescentou.

Dizendo que "favelado incomoda quando começa a botar bagaça no bolso", o MC compartilhou ainda um vídeo em que assistia na TV às imagens seus automóveis, que foram apreendidos, na Cidade da Polícia. Os carros, que têm nomes, como Sábio Jr. e Menor Mal, "devem estar com saudade do papai", completou Poze.

O que aconteceu com Poze do Rodo?

O objetivo da operação, batizada de Rifa Limpa, é apreender documentos que comprovem fraudes nos processos de realização dos sorteios e bens sorteados aos supostos ganhadores. Ao todo, são dez mandados de busca e apreensão a serem cumpridos. MC Poze do Rodo e Vivi Noronha estão entre os investigados.

Entre os demais alvos da operação estão os influencers Roger Rodrigues dos Santos, o Roginho Dú Ouro; Jonathan Luis Chaves Costa, o Jon Jon; e Leandro Medeiros, o Lacraia. Quatro carros — avaliados em mais de R$ 1 milhão — foram apreendidos pelos policiais.

As investigações da Delegacia de Defraudações (DDEF) apuram crimes de jogo de azar, associação criminosa e lavagem de capitais cometidos por influenciadores digitais. Eles estariam usando suas redes sociais — com milhões de seguidores — para divulgar e promover sorteios e rifas ilegais.

A polícia aponta que os suspeitos usam parâmetros do sorteio da Loteria Federal e, assim, passam uma aparente impressão de credibilidade e legalidade aos sorteios. Mas não há processo de auditagem oficial para checar o real ganhador, já que eles utilizam um aplicativo customizado com indícios de fraudes, o que torna a prática ilegal.

De acordo com a polícia, para a realização de rifas é preciso uma autorização prévia da Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria (SECAP), vinculada ao Ministério da Fazenda — elas podem ser realizadas apenas por instituições sem fins lucrativos.