MARIELLE FRANCO

Frieza de Lessa é destacada por juíza em sentença: "Não se limitou a matar, elaborou passo a passo"

Juíza Lucia Glioche afirmou que Ronnie Lessa é "um ser humano frio, calculista, e corrompido". Veja trechos.

Juíza Lucia Glioche - Brunno Dantas/TJRJ/Divulgação

Na sentença para condenar os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes, a juíza Lucia Glioche discorreu sobre a frieza do assassino confesso. Em trecho para fixar a pena de Lessa, a magistrada afirmou que ele é "um ser humano frio, calculista, e corrompido" e que "a maneira como elaborou o crime revela que acredita fielmente que não pode ser atingido pelos tentáculos da Justiça".

Na sentença, a juíza afirmou que considerou a culpabilidade, conduta social, personalidade e consequências do crime para estabelecer a pena.

"O Acusado não se limitou a matar alguém. Ele elaborou o passo a passo. Cuidadosamente escolheu a arma, o tipo de munição, procurou pelo silenciador, aparelho para evitar rastreamento de celular, pesquisou os locais frequentados pela vítima, com muita antecedência, seus horários e rotina. Fez efetivo e detalhado monitoramento. Decidiu o veículo a ser usado, o local para sua ocorrência, o horário", descreveu ela.

 

A magistrada também destacou que Lessa teve paciência para considerar cada hipótese que poderia ser desfavorável ao crime.

"Esperou. Teve paciência. Analisou cada hipótese que poderia ser desfavorável e planejou como as eliminar. Arquitetou e aliciou terceiros para o desmonte do carro usado e o descarte das armas. Cada detalhe do crime, antes, durante e após sua execução, foi premeditado e calculado, para garantir o êxito e o resultado que esperava de sua empreitada criminosa: a morte sem deixar rastros", escreveu.

Lucia Glioche ainda afirmou que Lessa levava uma vida voltada para atividades ilícitas e que demostra "orgulho" pela maneira que se comporta.

"A maneira como elaborou o crime revela que acredita fielmente que não pode ser atingido pelos tentáculos da Justiça e que, caso ela venha a atingi-lo, não será aprisionado neles. Não revela empatia por obter renda de atividades que exploram as pessoas de renda mais baixa e que não podem atuar perante ele com igualdade. É firme no propósito de “se dar bem”, ainda que a custo de bens alheios preciosos, como a vida."