racismo

"Macaca bandida": deputada do PT volta a receber e-mails racistas com ameaças de morte

Carol Dartora (PT-PR) recebeu 43 mensagens violentas em seu correio eletrônico institucional, e aciona a polícia e o Ministério Público

Deputada federal Carol Dartora (PT-PR) - Câmara dos Deputados

A deputada federal Carol Dartora (PT-PR) voltou a sofrer ameaças de morte via e-mail institucional da Câmara. Desta vez, no entanto, remetentes diferentes citam mais detalhes, como o número do gabinete, além de jurar tortura a ela e a sua família.

Ao todo, foram 43 e-mails de teor racistas no intervalo de um mês. A parlamentar acionou a Polícia Legislativa, Polícia Federal e o Ministério Público Federal para apurar o caso.

“Se você não aprende no amor, vai aprender na dor, sua macaca fodi** e eu vou te matar!”, ameaçou o autor. “Você é só mais uma MACACA BANDIDA, assim como todos os outros pretos fedidos. A sua origem não nega. O preto pode ter a classe social que for e sempre roubará as pessoas boas de bem”, diz.

Na sequência, a mensagem narra como pretende matar a parlamentar, ameaçando “derramar gasolina sobre o seu corpo inteiro e colocar fogo” em letras maiúsculas. O texto é finalizado com dados da deputada: “Me aguarde, macaca. Eu já sei a sua rotina, onde você e os seus parentes moram (...). O gabinete **** vai arder como o inferno”.

Essa não é a primeira vez que a parlamentar é atacada e denuncia o recebimento de mensagens violentas. No último dia 17, ela relatou ofensas por e-mail. A expectativa é de que o caso seja investigado por racismo, violência política de gênero, cyberbullying, ameaça e perseguição.

A deputada também afirmou que não irá se intimidar:

— Essas ameaças são um ataque não só a mim, mas a todas as mulheres negras que ousam ocupar espaços de poder. Eu não vou me calar, vou lutar por justiça, igualdade e respeito — disse a parlamentar quando denunciou a primeira leva de ameaças.

Palavrões e ofensas misóginas

Nos e-mails recebidos há duas semanas, o autor ataca a parlamentar com expressões de cunho racista, como “macaca preta do cabelo duro, balzaca gorda”, e ofensas como “putinh*”.

Numa terceira mensagem, o emissor chega a falar sobre a “solidão da mulher preta”, tema recorrente em conversas da militância negra, mas em tom de deboche e preconceito. “A solidão é tanta que ninguém as quer nem para estuprar”. O autor também afirma que a mulher branca seria superior e sugere que a parlamentar tente suicídio para acabar com “sofrimento e solidão”.

Em dezembro de 2020, logo após ser eleita vereadora de Curitiba, recebeu um e-mail em que o autor ameaçava “meter uma bala na sua cara”. Na ocasião, ela disse ao GLOBO que já havia “perdido as contas” de quantos ataques racistas havia sofrido apenas naquele pleito, há quatro anos.