política

Oposição conquista vitória histórica nas legislativas de Botsuana

A coalizão de esquerda Umbrella for Democratic Change (UDC) conquistou pelo menos 31 dos 61 assentos da câmara

O candidato a presidente da Umbrella for Democratic Change (UDC), Duma Boko - Monirul Bhuiyan/AFP

O principal partido da oposição em Botsuana conquistou maioria absoluta nas eleições legislativas e impôs uma derrota à formação que está no poder desde a independência do país, há quase 60 anos.

A coalizão de esquerda Umbrella for Democratic Change (UDC) conquistou pelo menos 31 dos 61 assentos da câmara, anunciou, nesta sexta-feira (1º), a comissão eleitoral, dois dias após a votação.

Assim, a UDC poderá escolher como presidente seu candidato, Duma Boko, um advogado de direitos humanos de 54 anos, opositor veterano e formado em Harvard.

"A mudança está aqui", declarou Boko no Facebook, ao se tornar evidente a vitória de seu partido, celebrada nas ruas por simpatizantes da UDC que usavam camisetas com sua imagem.

O presidente em fim de mandato, Mokgweetsi Masisi, confirmou a rara estabilidade da democracia de Botsuana ao reconhecer sua derrota na manhã de sexta-feira.

"Quero parabenizar a oposição pela sua vitória", declarou o chefe de Estado à imprensa.

"Erramos em tudo aos olhos do povo", admitiu diante do desastre eleitoral de sua formação, o Partido Democrático de Botsuana (BDP), afetado por acusações de corrupção e uma economia em dificuldades.

O BDP, que governa a ex-colônia britânica desde 1966, será, no melhor dos casos, a terceira bancada da câmara, dependendo das circunscrições que ainda precisam ser apuradas.

Masisi afirmou que trabalharia para "facilitar a transição".

"Estamos muito felizes em dar um passo para o lado e nos tornarmos uma oposição leal que responsabilize o governo", acrescentou o mandatário, de 63 anos.

A economia de Botsuana, um país majoritariamente desértico conhecido por sua enorme população de elefantes, é baseada principalmente em diamantes, que competem cada vez mais com pedras sintéticas.

Mais de um milhão de pessoas foram convocadas às urnas na quarta-feira, em uma população de 2,6 milhões neste país classificado entre os mais desiguais do mundo.

Uma das principais preocupações dos eleitores foi o aumento do desemprego (27%), especialmente entre os jovens (38%).

O discurso de Boko, conhecido por sua determinação e seriedade, repercutiu entre os jovens, que ecoam seus apelos por uma mudança que ofereça oportunidades de trabalho e resolva a grande desigualdade entre ricos e pobres.