opinião

Desarmando o palanque

Os embates provocados no país a partir das eleições presidenciais de 2024, muitos resolveram alimentar-se da chamada polarização. Talvez, o que alguns não esperavam era a falta de resiliência na agenda política nacional. Fruto dos arrazoados  produzidos pela construção de um modelo de sociedade, a ausência de maturidade para conviver com quem pensa diferente, vem crescendo de maneira alarmante ao ponto de famílias se dizimarem e amizades se romperem. Muitos esquecem ou não sabem que uma das belezas da democracia é a convivência ordeira com aqueles que pensam diferentemente de nós.

Não são poucos os que tentam tornar inerente o resultado eleitoral de 2024 com o de 2026, esquecendo que quando se trata das questões municipais, na maioria das vezes o eleitor se quer sabe quem são os padrinhos e madrinhas dos candidatos. A prioridade passa a ser o futuro do município, afinal é onde ele reside e as necessidades locais refletem diretamente na qualidade de vida do eleitor. 

Entre as cidades pernambucanas que são agraciadas com a possibilidade de um segundo turno, apenas Paulista e em Olinda os eleitores tiveram que escolher seus governantes no segundo turno. Para tanto, travou-se uma rinha, muito mais alimentada pelos asseclas do que pelos protagonistas. De um lado os candidatos apoiados pelo prefeito da Veneza brasileira e do outro os da governadora de Pernambuco. Com o resultado adverso para os preferidos do prefeito, não faltou quem antecipasse o cenário para 2026. 

Ora, embora cresça a especulação de uma possível candidatura ao Governo de Pernambuco nas próximas eleições, ele nunca deixou transparecer que pretende abandonar a prefeitura e embarcar em uma disputa estadual. Particularmente, tenho dificuldade em acreditar que o prefeito terá coragem de enfrentar a governadora caso ela esteja com o governo bem avaliado. Tempo para tanto é o que não lhe falta, resta apenas esperar. 

Por outro lado, o número significativo de prefeitos aliados, não garante o sucesso, afinal, já dizia o famoso secretário de Florença que a política se aprende olhando o passado. Se ele realmente estiver certo, Miguel Arraes disputou a reeleição com um maior número de prefeitos e não foi reeleito. Em contrapartida, Eduardo Campos, quando disputou em 2006, poucos prefeitos acreditaram no sucesso da sua candidatura. 

O número de prefeitos serve para mostrar força, mas não garante vitória, assim como acreditar que a polarização entre PT e PL se estende aos municípios. Basta olharmos para o maior colégio eleitoral da Zona da Mata de Pernambuco, a cidade da Vitória de Santo Antão, os dois partidos apoiaram o prefeito que foi reeleito, demonstrando que as querelas nacionais, não devem contaminar os municípios.

Depois do término das eleições, o maior desejo da população é que um pouco da esperança que lhe resta, possa ser aguçada e reverberada nas ações oriundas dos que assumirão o comando dos municípios, independentemente da coloração partidária. 

Sem ódio e sem medo.